"Quando aplicada a nações, a abordagem psicologizante é desagradável. Engraçados, estes estereótipos mais não são do que caricaturas apropriadas para charlas: os belgas seriam maçadores, os franceses chauvinistas, os alemães eficientes, os escoceses forretas, os espanhóis barulhentos, os irlandeses bêbados, os ingleses fleumáticos, os suecos frios, os gregos hirsutos e, segundo a versão pós moderna, os portugueses teriam medo de existir."
(...)
"A única maneira de sabermos o que realmente significa ser português é através do estudo da História, coisa que, a avaliar pelo estado em que se encontram os nossos arquivos, interessa a poucos. Às vezes, interrogo-me se tal desprezo se deve ao facto de a nação ser velha e de, portanto, não ter necessidade de se pôr em bicos dos pés, ou de ser, pura e simplesmente, indolente. Não é assunto menor, uma vez que, tal como sucede no caso de uma pessoa, a memória de uma nação é a base da sua identidade. É por isso que considero que, sem uma historiografia rica, viva e polémica, o debate sobre as características nacionais é um imbecilidade".
Maria Filomena Mónica em "Nós, os Portugueses" (págs. 88, 89 e 90).
E assim concluo as transcrições desta interessante colecção de crónicas. Embora nem sempre de acordo, no geral, apreciei a sua sensatez e frontalidade.
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