Como economista, a minha maior frustração foi sempre a de a Economia não ser uma ciência experimental onde eu pudesse testar hipóteses, confirmá-las ou infirmá-las, e formular leis, ainda que probabilísticas, acerca do comportamento humano.
Quando em Maio de 2006 me pediram para escrever para o Blasfémias, eu prometi começar em Outubro. E fui ver o que era a blogosfera. Concentrei-me no Blasfémias e nas suas caixas de comentários. Passada uma semana, eu tinha duas convicções razoavelmente firmes. Primeira, a blogosfera era aquilo que melhor aproximava o laboratório, que eu sempre ambicionara possuir, para testar ideias acerca dos comportamentos humanos, e essa continua ainda hoje a ser para mim, a grande distância de todas as outras, a principal atracção da blogosfera - um laboratório.
A segunda deixou-me desconcertado. A comunidade formada pelos bloggers e comentadores do Blasfémias - e mais geralmente da blogosfera portuguesa, para não singularizar este blogue - parecia-me uma comunidade de meninos mimados. Salvos raras excepções, cada um dizia a primeira patacoada que lhe vinha à cabeça, estava sempre empenhado em dizer mal do outro e destruir os argumentos do outro, sem nunca oferecer nada de positivo, os insultos voavam por todo o lado, todos procuravam pôr-se em bicos de pés, alguns amuavam, e acerca de cada tema nunca se formava um consenso, por mínimo que fosse. Logo que comecei a escrever dediquei uma série de posts ao tema do menino-mimado que hoje - estou eu convencido -, constitui um riquíssimo modelo explicativo da sociedade portuguesa
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