O multiculturalismo, que é, no fundo, a atribuição de um estatuto idêntico a todas as culturas residentes num determinado país, tem-se revelado um enorme fiasco. Ao contrário de produzir coesão social, o multiculturalismo tem provocado tensões sociais e estará até na origem de algum fundamentalismo.
Gostaria de avançar com uma explicação para este fenómeno. O convívio entre diversas culturas é fácil entre culturas contemporâneas e com um grau comparável de desenvolvimento, mas é impossível entre culturas que estão afastadas entre si por vários séculos de história.
Se reflectirmos desapaixonadamente sobre as condições de vida nalgumas regiões mais primitivas de África, por exemplo, teríamos de recuar cerca de 6.000 anos, na Europa, para encontrarmos sociedades idênticas. Ora pretender que é possível o convívio amigo entre culturas tão distanciadas no tempo é revelar uma falta de sensibilidade incrível para os problemas humanos.
O que os defensores do multiculturalismo nos propõem, então, é uma espécie de transtemporalismo. Querem que convivamos e aceitemos como “iguais” a bandos de selvagens (no melhor sentido do termo e sem qualquer ofensa).
Por vezes, não é necessário recuar 6.000 anos para surgirem grandes choques culturais. Os islâmicos, que nalguns casos vivem no Sec. XIV ou XV da nossa cultura, ficam chocados com o ocidente e tratam-nos como nós tratámos os hereges nessa época.
Pelo contrário, quando as culturas são modernas não surgem quaisquer problemas. Os japoneses, por exemplo, algum dia se sentiram ou foram descriminados no ocidente?
O multiculturalismo pode ter virtudes, o transtemporalismo é fatal.
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