23 outubro 2008

tesos


Se Portugal não fizesse parte da zona euro estaria agora a ser vítima de uma desvalorização substancial do escudo e de um aumento das taxas de juro de uma maneira muito semelhante àquela que está a acontecer na Hungria e outros países de Leste, à medida que investidores particulares e institucionais retiram dinheiro do país.
.
A Hungria é um país de dez milhões de habitantes muito semelhante a Portugal em termos da maior parte dos indicadores económicos. Pertence à UE, mas não ao euro, mantendo o forint um câmbio flexível em relação à moeda europeia.
.
A Hungria é um país endividado em relação ao estrangeiro, tendo vivido nos últimos anos acima das suas possibilidades: o défice de transacções correntes na Hungria é de 8% do PIB. Os investidores estrangeiros estão a retirar dinheiro da Hungria porque um país endividado não tem dinheiro para gastar e não torna rentáveis os investimentos. Em resultado, o forint caiu e as taxas de juro subiram três pontos percentuais na Hungria. A desvalorização do florint torna a saída de capitais mais cara e desencoraja-a, e o aumento das taxas de juro posssui o mesmo efeito.
.
Portugal tem vivido como a Hungria, acima das suas possibilidades (défice de transacções correntes: 9% do PIB em 2006, 12% previsto para 2008). Estão a sair capitais para o estrangeiro. Mas, agora, não existe nenhum mecanismo desencorajador deste movimento como na Hungria, a desvalorização da moeda e o aumento das taxas de juro. Então e quando é que isto pára? Literalmente quando nós ficarmos tesos, pessoas, empresas e Estado.
.
Até aqui a crise financeira tem produzido bail outs aos Bancos. Entrámos agora na fase em que a crise vai produzir bail outs aos Estados nacionais. Na zona Euro os primeiros a necessitarem são Espanha, Portugal e a Grécia. Um sinal da liquidação maciça de activos ibéricos foi ontem dado pela Bolsa de Madrid que caiu 8% (Lisboa: 4.5%). Hoje, segue a cair mais 5% (Lisboa: 3%) . O cerco está a apertar. Não se conhece é país que esteja suficientemente folgado para os ajudar. Nem a Alemanha.
.
Leia também aqui especialmente a última linha.

Sem comentários: