21 outubro 2008

Pobre Europa


O protagonista do dia é uma vez mais o inimitável Nicolas Sarkozy, que hoje discursou perante os parlamentares europeus para defender a criação de um fundo soberano europeu. A proposta serve "para evitar que um dia os europeus acordem de manhã e se apercebam que as suas empresas são afinal detidas por estrangeiros". Sarkozy sugeriu ainda que o Banco Central Europeu colabore com os governos nacionais de cada país - uma ameaça velada à independência do BCE, mensagem que repete desde que chegou ao poder no Eliseu.

Estamos perante o primeiro grande discurso proteccionista do ano, aqui na Europa. Palavras que serão repetidas, com maior agravo, à medida que a crise for penetrando e desgastando a economia real.

Quanto às propostas concretas de Sarkozy, a ideia do fundo soberano para nos proteger dos "estrangeiros" é um disparate num mundo que se quer global. E quanto à intromissão dos governos na política monetária do BCE, trata-se de outro disparate ainda maior, como o passado comprovadamente o demonstrou.

Por outro lado, estou convencido que um dos nossos maiores problemas estruturais, aquele que em última instância poderá provocar a queda do euro, é a inexistência de uma união política que apoie a união monetária, em particular nos momentos de stress financeiro, em que a coordenação e convergência de políticas é mais necessária. Ou seja, enquanto a Europa não for uma federação, o Euro não será a moeda de reserva internacional.

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