Em política os factos não contam para nada. É por isso que um racionalista como eu tem muita dificuldade em acompanhar os acontecimentos políticos. Quando era jovem ainda gostava de argumentar, aqui ou ali, mas, mais tarde ou mais cedo, acabamos por compreender o que afirmei de início, os factos não contam e desinteressamo-nos por discutir e argumentar.
A política é a arte de ajudar os amigos e de prejudicar os inimigos. Ora o que conta em política é, portanto, saber quantas pessoas saem beneficiadas ou prejudicadas (no imediato) por determinadas escolhas e depois contar espingardas.
Facto: a imposição de um salário mínimo obrigatório conduz a mais desemprego. Facto claro e indesmentível por qualquer economista. Adiante, um partido político promete implementar esta medida, se for eleito. Tem alguma relevância argumentar que vai aumentar o desemprego? Nenhuma! O que conta então?
O que conta é saber quantas pessoas poderão beneficiar com esta medida e quantas irão sair prejudicadas. Num país com baixos salários, a medida pode ter um impacto eleitoral positivo para o partido que a propõe. Em contrapartida, um aumento moderado do desemprego, representará poucos votos e é provável que seja possível inculpar o patronato pelo aumento do desemprego.
Tal partido pode até ameaçar os empresários com medidas retaliatórias e vir a conseguir os votos dos palermas que perderem o emprego.
Quando discutimos política devemos ter isto sempre presente. Os factos não contam, o que conta são as espingardas, ou seja – os votos.
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