08 outubro 2008

consequências

O que atemoriza na crise financeira a que estamos a assistir, não são tanto as suas consequências no curto prazo – com algumas eventuais falências, ainda que relevantes, e o agravamento das condições de vida das pessoas -, nem sequer as consequências previsíveis, no médio prazo, das medidas populistas de intervenção dos governos mais sujeitos à pressão da opinião pública. As sociedades de mercado mais ou menos livre, como aquelas em que vivemos e onde esta crise se manifesta, geraram riqueza suficiente ao longo dos dois últimos séculos, para superarem, num período de tempo mais do que razoável, os ciclos de recessão e de crise económica, ainda que nem sempre os governos ajudem.

O que verdadeiramente assusta é o discurso anti-liberal e anti-capitalista que, a propósito desta crise, se tem vindo a intensificar e a intoxicar a opinião pública. Esse discurso é suicida, já que põe em causa o cerne da nossa civilização, da nossa cultura, da nossa liberdade, o mesmo é dizer, os fundamentos da nossa prosperidade. Só quem for absolutamente cego ou ideologicamente fanático, enjeitará a livre empresa e o laissez-faire como os dois pilares sobre os quais têm assentado e devem continuar a assentar as nossas sociedades.

Infelizmente, há quem persista, desde há muito, na emergência do fim do capitalismo, como fatalidade histórica resultante das suas próprias “contradições”. As pessoas são, por vezes, masoquistas e mal-agradecidas. Qualquer análise comparativa do bem-estar das sociedades onde preponderou, nos últimos duzentos anos, o livre mercado, com o daquelas onde o mercado foi fortemente condicionado ou até nem existiu, será redundante.

Por isso, é triste e lamentável ouvir alguns dos responsáveis pelas nações livres, os que já o são e aqueles que, como Barack Obama, se preparam para o virem a ser, a responsabilizarem o principal factor do sucesso e do desenvolvimento dos seus países – o mercado – pela crise em que vivemos. E é, sobretudo, muito preocupante. Na verdade, adivinha-se, por aí, o advento de uma nova onda avassaladora de intervencionismo e de socialismo estatistas. Se Karl Marx fosse vivo dificilmente pediria mais do que isto.

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