28 julho 2008

slb/psd: dois casos de sucesso


A Senhora que se seguiu na liderança do PSD parece não estar a resultar. É verdade que, por definição, ser líder do PSD é uma profissão de alto risco. Com prazo e duração média inferiores aos de um treinador do Sport Lisboa e Benfica, e uma taxa de êxito que é também equivalente à do clube da Luz.

Manuela Ferreira Leite faz, de facto, lembrar Quique Flores: antes de entrar em campo com a equipa já a massa associativa desconfiava dela. No intervalo do primeiro jogo acenavam-lhe já com lenços brancos. O estilo silencioso e discreto também é semelhante. “Só falamos depois dos resultados”, parecem dizer, como se os temessem. Eles sabem que, nos últimos anos, os resultados dos dois plantéis não são propensos à oratória, e que os responsáveis costumam despedir-se com monossílabos traumáticos muito antes do fim da época.

É certo que, assim, nenhum líder do PSD – como, provavelmente, nenhum treinador do Benfica -, conseguirá levar a sua gente à vitória. Eu diria que, num caso e no outro, são necessárias verdadeiras catarses freudianas em relação aos pais fundadores: no Benfica, a libertação só virá depois de Vieira; e o PSD necessita de exorcizar definitivamente a sombra e a herança de Cavaco. Na verdade, o principal erro de Manuela Ferreira Leite não é tanto ela própria, nem o facto de parecer não ter a mais pequena vocação para liderar um partido político; é o de ser a última e simultaneamente a primeira dos herdeiros do cavaquismo e de não trazer para o partido nada de genuinamente seu. Em toda a sua “estratégia” – a respeitabilidade, o silêncio, a gravitas sobre as grandes questões – ela é uma triste e pálida sombra do verdadeiro fundador do PSD. E quando devidamente espremida não sai coisa nenhuma, porque obviamente nada poderia sair.

Enquanto o PSD não se libertar da sombra que o tutela há vinte e cinco anos, o partido não terá futuro mas somente passado.

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