Primeiro começam por lhe explicar que você é uma criatura frágil e desprotegida. Que vive num meio hostil e que sózinho não resistirá por muito tempo. Que necessita de protecção e que só uma estrutura vocacionada para esse fim lhe poderá assegurar a sobrevivência. Pedem-lhe, cordatamente, que delegue essa pesada tarefa em mãos organizadas e responsáveis, que lhes conceda parte da sua liberdade e que pague por esse inestimável serviço. No fim de contas, trata-se de um esforço pequeno para garantir uma existência pacífica.
Depois dizem-lhe que a segurança física não chega: é necessário regular verticalmente as suas relações com os outros. O mundo está cheio de gente mal formada, que age de má fé e só aguarda uma pequena oportunidade para se aproveitar de alguém em posição inferior. Alguém frágil, isolado e fraco. Alguém como você. Claro que garantir tamanho benefício exige sacrifícios e abnegações. Um pouco mais de liberdade. E tem custos. Que você terá que pagar, naturalmente.
Em seguida proclama-se o óbvio: que o seu egoísmo é insuficiente para garantir a felicidade dos outros. Daqueles que, coitados, ainda mais frágeis do que você, não tiveram a felicidade de ter um emprego, um tecto, uma família que os acompanhasse. Você tem de ser solidário toda esta gente. No fim de contas, de que lhe serviria a segurança e a tranquilidade se, ao seu lado, outros padecessem de males terríveis, de pobreza insuportável, de miséria e solidão. Aliás, com muita gente nestas condições, como poderia estar você seguro? Então, você tem que ser responsável pelos outros. Felizmente, há quem assuma por si essa penosa tarefa. Você só tem que pagar e do resto haverá quem cuide.
A certa altura explicam-lhe mais: que você não tem condições para cuidar da sua saúde, da sua educação, da sua reforma. Que não saberá, sozinho, proteger-se no emprego. As relações com os outros, com o mundo, são perigosas. Você já sabe disso há muito, mas parece que começa a esquecer-se. Felizmente, há quem o lembre disso e quem lhe garanta tudo aquilo a que você não teria acesso se ficasse entregue a si mesmo. Basta pagar um pouco mais, que alguém cuidará de si e da sua felicidade.
Quando, um dia, você descobre que a rua em que sempre viveu já não é segura, que a fábrica onde trabalhou desde sempre fechou sem que nenhuma a substituísse, que está doente e ninguém quer saber de si, que tem que pagar a educação dos filhos e que o dinheiro que ainda vai conseguindo ganhar não lhe chega para o fim do mês, então, explicam-lhe que a culpa é sua: que não se esforçou como devia, que não contribuiu como devia, que não trabalhou o que devia.
Apavorado, assustado, habituado a que pensem por si e a que conduzam a sua vida, o que lhe resta fazer senão pedir que continuem a tratar dela? E, desta vez, na situação em que se encontra, você está disposto a dar tudo o que tem, o que não tem e o que alguma vez vier a ter. Haja quem se responsabilize por si e pela sua vida, é apenas aquilo que está a pedir.
Depois dizem-lhe que a segurança física não chega: é necessário regular verticalmente as suas relações com os outros. O mundo está cheio de gente mal formada, que age de má fé e só aguarda uma pequena oportunidade para se aproveitar de alguém em posição inferior. Alguém frágil, isolado e fraco. Alguém como você. Claro que garantir tamanho benefício exige sacrifícios e abnegações. Um pouco mais de liberdade. E tem custos. Que você terá que pagar, naturalmente.
Em seguida proclama-se o óbvio: que o seu egoísmo é insuficiente para garantir a felicidade dos outros. Daqueles que, coitados, ainda mais frágeis do que você, não tiveram a felicidade de ter um emprego, um tecto, uma família que os acompanhasse. Você tem de ser solidário toda esta gente. No fim de contas, de que lhe serviria a segurança e a tranquilidade se, ao seu lado, outros padecessem de males terríveis, de pobreza insuportável, de miséria e solidão. Aliás, com muita gente nestas condições, como poderia estar você seguro? Então, você tem que ser responsável pelos outros. Felizmente, há quem assuma por si essa penosa tarefa. Você só tem que pagar e do resto haverá quem cuide.
A certa altura explicam-lhe mais: que você não tem condições para cuidar da sua saúde, da sua educação, da sua reforma. Que não saberá, sozinho, proteger-se no emprego. As relações com os outros, com o mundo, são perigosas. Você já sabe disso há muito, mas parece que começa a esquecer-se. Felizmente, há quem o lembre disso e quem lhe garanta tudo aquilo a que você não teria acesso se ficasse entregue a si mesmo. Basta pagar um pouco mais, que alguém cuidará de si e da sua felicidade.
Quando, um dia, você descobre que a rua em que sempre viveu já não é segura, que a fábrica onde trabalhou desde sempre fechou sem que nenhuma a substituísse, que está doente e ninguém quer saber de si, que tem que pagar a educação dos filhos e que o dinheiro que ainda vai conseguindo ganhar não lhe chega para o fim do mês, então, explicam-lhe que a culpa é sua: que não se esforçou como devia, que não contribuiu como devia, que não trabalhou o que devia.
Apavorado, assustado, habituado a que pensem por si e a que conduzam a sua vida, o que lhe resta fazer senão pedir que continuem a tratar dela? E, desta vez, na situação em que se encontra, você está disposto a dar tudo o que tem, o que não tem e o que alguma vez vier a ter. Haja quem se responsabilize por si e pela sua vida, é apenas aquilo que está a pedir.
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