Portugal não tem condições para ter uma central nuclear. Esta afirmação é bastante óbvia para quem conhece o País mas merece ser reafirmada agora que o Governador do Banco de Portugal colocou o tema na agenda política. Eis os argumentos contra:
Os custos de construir uma central nuclear acabariam por ser 2 ou 3 vezes o orçamentado, fazendo com que o projecto não fosse viável, pelo menos até o barril de petróleo atingir os US$ 400.00 .
Não temos uma plêiade de físicos nucleares particularmente interessados neste projecto e a maior parte dos físicos que entretanto se formaram apenas têm competência para dar aulas no liceu e mal.
Os sindicatos estão controlados por grupos de interesses e não têm qualquer pejo em fazer ultimatos ao governo. Em certos casos prejudicam gravemente a população e as empresas onde trabalham (a TAP é um caso paradigmático), sem pestanejar. Imaginem o que seria isto numa central nuclear, os operários reunidos em plenário e o reactor a esquentar…
Não temos polícia, nem serviços de segurança, à altura do nuclear e o nosso sistema de justiça ainda não assimilou os nanossegundos. Um litígio judicial, que envolvesse uma central nuclear, teria um desfecho imprevisível, como fica demonstrado pelos casos que se arrastam pela televisão e pelos tribunais (presumo) há tantos anos. Alguém estaria disposto a arriscar?
Não temos gestores à altura da tarefa. Os gestores em Portugal não ouvem, não dialogam, não sabem gerir conflitos e muito menos gerir riscos. Enquanto seleccionassem as viaturas e os extras, tudo poderia acontecer.
Por fim, será que os nossos políticos estão ao nível do nuclear? Sem estratégias definidas, navegando ao sabor das circunstâncias e sem acautelar os interesses do País, o nuclear torna-se perigoso. Relativamente ao petróleo o governo estabeleceu alianças com o Sr. Chavez e com o Sr. Eduardo dos Santos. A quem iriam comprar uma central nuclear? Ao Sr. Putin? Não se metam nisso...
- Sr. Governador: Nós não estamos na Finlândia.
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