05 junho 2008

porto


O Futebol Clube do Porto é, inquestionavelmente, uma das dez melhores equipas de futebol do mundo, pelo menos desde 1987. Ontem, foi castigado pela UEFA, que o suspendeu por um ano na Liga dos Campeões (cujo acesso conquistara, como sempre, com mérito), num processo pouco claro que envolve envios extemporâneos e incompletos de peças processuais pela Liga Portuguesa de Futebol para a UEFA, aplicações discriminatórias e retroactivas de normas penais, «tentativas» falhadas (e ainda não provadas judicialmente) de «corromper» um árbitro num jogo a feijões, etc. Apesar do optimismo do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa nos resultados do recurso para a 2ª instância judicial da UEFA, não acredito que o FCP consiga fazer valer os seus argumentos jurídicos sobre uma decisão que é absolutamente política. Por mim, não duvido que o FCP ficará de fora da Liga dos Campeões na próxima época.

As consequências desse facto são, não apenas para os portistas mas, sobretudo, para os portuenses, avassaladoras. Goste-se ou não de futebol, seja-se ou não do Futebol Clube do Porto, ame-se ou odeie-se o seu Presidente, qualquer cego vê que numa cidade em profunda crise económica e depressão social, o FCP é uma das muitas poucas marcas que traz prestígio, bom nome e dinheiro para a cidade. A ausência da Liga dos Campeões, para além das sombras de suspeição que lançará sobre a história das últimas décadas do clube, comportará consequências económicas graves para a cidade, com perda de turistas, de movimento no comércio local, na restauração, na hotelaria, no Aeroporto Sá Carneiro, etc. Para além do prestígio quase irremediavelmente abalado, obviamente.

O que é absolutamente incrível é o silêncio cúmplice das «autoridades» locais sobre o caso, entre elas o do Presidente da Câmara, o Dr. Rui Rio. Independentemente das questões pessoais que ele teve com o Presidente portista, a situação é tão grave e objectiva que ele não poderia deixar de se pronunciar. Grave, porque depois do Salgueiros e do Boavista, parece ser chegada agora a hora de «abater» o Futebol Clube do Porto (não confundir com «abater» Pinto da Costa, processo que já começou há muito tempo…). Objectiva, porque qualquer jurista explica a ilegalidade da decisão da UEFA. A falta de dimensão cívica e política de Rui Rio, ele que é o primeiro responsável político da cidade do Porto, fica aqui bem patente. Ele é absolutamente incapaz de ultrapassar os seus ódios pessoais e de vislumbrar a Cidade para além da sua própria sombra.

P.S.: vi, com tristeza, este «post» no Blasfémias, um blog que ajudei a fundar e que foi marcado, desde o início, por uma forte personalidade nortenha e portuense. É, infelizmente, mais uma contribuição forte, muito forte, para a descaracterização daquele que já foi o melhor blogue político português e que agora, malgrado os muitos amigos que lá continuam a colaborar, e que escrevem muito bem, me parece cada vez mais, apenas e só, uma excelente marca.

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