Os grandes beneficiários da inexistência estatutária de uma segunda volta prevista nos estatutos do PSD foram, inquestionavelmente, Manuela Ferreira Leite, que ganhou as eleições com uma escassa maioria de 37,6% (menos percentagem de votos do que Marques Mendes teve há seis meses), e Pedro Santana Lopes, que fez bem passar a imagem, no discurso da derrota, que irá ser ele e não Passos Coelho, a encabeçar a oposição à líder recém-eleita. Passos Coelho acaba por ser o grande prejudicado pelo exótico sistema estatutário vigente, pensado para disputas bipolarizadas, desde logo porque seria ele provavelmente o vencedor de uma segunda ronda eleitoral com MFL, mas também porque a diferença reduzida em relação a Santana não lhe permitirá, de imediato, assumir a chefia desse espaço. Se os próximos tempos vão ser de inevitável pacificação aparente do interior do partido, o day after que se seguirá às eleições legislativas vai exigir definições no bloco que hoje saiu derrotado, e que representa, como as contas facilmente demonstram, quase o dobro dos votos do que saiu vencedor. A grande questão está em saber se Passos Coelho será capaz de dar continuidade ao movimento que lançou quase espontaneamente, ou se vai perder o espaço conquistado em favor de Santana Lopes.
Sem comentários:
Enviar um comentário