01 junho 2008

2ª volta

Os grandes beneficiários da inexistência estatutária de uma segunda volta prevista nos estatutos do PSD foram, inquestionavelmente, Manuela Ferreira Leite, que ganhou as eleições com uma escassa maioria de 37,6% (menos percentagem de votos do que Marques Mendes teve há seis meses), e Pedro Santana Lopes, que fez bem passar a imagem, no discurso da derrota, que irá ser ele e não Passos Coelho, a encabeçar a oposição à líder recém-eleita. Passos Coelho acaba por ser o grande prejudicado pelo exótico sistema estatutário vigente, pensado para disputas bipolarizadas, desde logo porque seria ele provavelmente o vencedor de uma segunda ronda eleitoral com MFL, mas também porque a diferença reduzida em relação a Santana não lhe permitirá, de imediato, assumir a chefia desse espaço. Se os próximos tempos vão ser de inevitável pacificação aparente do interior do partido, o day after que se seguirá às eleições legislativas vai exigir definições no bloco que hoje saiu derrotado, e que representa, como as contas facilmente demonstram, quase o dobro dos votos do que saiu vencedor. A grande questão está em saber se Passos Coelho será capaz de dar continuidade ao movimento que lançou quase espontaneamente, ou se vai perder o espaço conquistado em favor de Santana Lopes.

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