14 maio 2008

pelas bandas de lisboa

O CAA tem vindo a referir-se ao fim anunciado do Boavista Futebol Clube e a invectivar as «elites» portuenses, sobretudo as instaladas na política, a reagirem ao fim desse clube desportivo. Em contrapartida, esta sua posição tem vindo a ser classificada por um número muito expressivo de comentadores do Blasfémias como antiliberal, por supostamente apelar ao intervencionismo do poder público na vida de uma empresa – o Boavista – e de um mercado – o futebol português. Obviamente que não é assim.

O Boavista é, como qualquer clube de futebol com história, uma instituição social, que exprime uma identidade comunitária. O Boavista tem cem anos, não tem cem dias, e foi uma das maiores manifestações cívicas da cidade do Porto, que, em tempos não muito recônditos, tinha força económica para manter dois grandes grupos desportivos – o F.C. Porto e o Boavista, um médio – o Salgueiros, e vários outros de menor expressão, mas com valor real, como o Leixões.

Ver o Boavista desaparecer não significa, nem de perto nem de longe, assistir a uma consequência natural de um processo de mercado. Os clubes de futebol representam a vitalidade das comunidades locais sobre as quais se suportam, ou a falta dela. Nos últimos anos, só no Porto, foi-se o Salgueiros e, pelos vistos, vai a caminho o Boavista. Ninguém diz nada, ninguém faz nada, ninguém se interessa. É o retrato do país que temos e do centralismo em que caímos na III República. Não me consta que, pelas bandas de Lisboa, o Alverca esteja em riscos de desaparecer.

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