A análise política que José Pacheco Pereira faz do PSD peca sempre pelo mesmo defeito: ele não analisa mais nada que não seja o «carácter» de algumas pessoas, principalmente daquelas que ele, por razões que nunca explica devidamente, ele não é capaz de suportar. O estilo já vem de longe e não é exclusivamente aplicado ao PSD. Pacheco já o empregou para «analisar» o CDS de Monteiro e de Portas, manifestando uma particular antipatia pessoal por este último, que raia a obsessão. É claro que, em política, a análise pessoal dos protagonistas é imprescindível. Mas Pacheco não conseguirá convencer ninguém que pense pela sua cabeça (sua própria, e não a de Pacheco Pereira, entenda-se) que a crise da direita e a longa agonia do PSD se devem a Luís Filipe Menezes. Ao perder objectividade na análise, Pacheco Pereira, sem dúvida um dos mais influentes comentadores políticos da praça, perde também uma boa oportunidade para reflectir seriamente sobre o assunto, e, assim, para ser útil ao seu partido e ao espaço sociológico e político que ele representa. No qual, diga-se em abono da verdade, Pacheco Pereira teve significativas responsabilidades ainda não há muito tempo, nomeadamente no fim do cavaquismo, salvo melhor opinião, a verdadeira origem da profunda crise do seu partido e da direita.
Vem isto a propósito da última crónica que o autor do Abrupto escreveu na revista Sábado («A lagartixa e o jacaré»), sobre, uma vez mais, Luís Filipe Menezes. No artigo, um extenso arrozoado sobre o defunto líder do PSD, de cuja sombra Pacheco parece não se conseguir libertar, são ditas coisas mais do que espantosas, como a de que Menezes tinha um plano de regresso que só falhou por falta de uma «vaga de fundo», e que ele tem genuínos ataques de «fúria» ao ouvir a palavra «credibilidade». Obviamente, a «credibilidade» de Manuela Ferreira Leite, essa marcante ex-ministra das Finanças e da Educação do PSD, pastas onde, como é sabido, deixou situações muito credíveis, e que, por acaso, Pacheco Pereira apoia na corrida do PSD. Mas o ponto mais espantoso do texto é aquele em que Pacheco afirma que o PSD tem tido, nos últimos anos, uma «estrutura burocrática que se instalou no partido, que fala como se fosse dona dele», cuja eventual perda das eleições em favor de Ferreira Leite lançará no «desespero com uma possível perda de poder, depois de se terem assenhoreado dele nos últimos anos» (bold nosso).
Ora, há aqui qualquer coisa que não bate certo: que se saiba, Menezes não esteve à frente do partido mais do que seis meses. Antes dele mandou Marques Mendes (que Pacheco apoiava freneticamente), e antes do «credível» Mendes, Durão Barroso, que acredito ter sido também um líder muito «credível», segundo os critérios de Pacheco Pereira. Entre os dois, quatro meses de Santana, um populista desacreditado, segundo Pacheco. Antes de Barroso esteve Marcelo (que certamente não terá sido um populista manipulador do aparelho), antes de Marcelo foi líder Fernando Nogueira (provavelmente o mais taciturno líder partidário de sempre), e antes de Nogueira estava Cavaco, o símbolo maior da «credibilidade». Ou seja e para encurtarmos razões, dez meses de «populismo» nos últimos vinte anos de PSD. A quem se refere, então, Pacheco Pereira, quando diz que esta gente vai perder o senhorio que mantém nos «últimos anos» no PSD? Francamente, não se consegue perceber.
Vem isto a propósito da última crónica que o autor do Abrupto escreveu na revista Sábado («A lagartixa e o jacaré»), sobre, uma vez mais, Luís Filipe Menezes. No artigo, um extenso arrozoado sobre o defunto líder do PSD, de cuja sombra Pacheco parece não se conseguir libertar, são ditas coisas mais do que espantosas, como a de que Menezes tinha um plano de regresso que só falhou por falta de uma «vaga de fundo», e que ele tem genuínos ataques de «fúria» ao ouvir a palavra «credibilidade». Obviamente, a «credibilidade» de Manuela Ferreira Leite, essa marcante ex-ministra das Finanças e da Educação do PSD, pastas onde, como é sabido, deixou situações muito credíveis, e que, por acaso, Pacheco Pereira apoia na corrida do PSD. Mas o ponto mais espantoso do texto é aquele em que Pacheco afirma que o PSD tem tido, nos últimos anos, uma «estrutura burocrática que se instalou no partido, que fala como se fosse dona dele», cuja eventual perda das eleições em favor de Ferreira Leite lançará no «desespero com uma possível perda de poder, depois de se terem assenhoreado dele nos últimos anos» (bold nosso).
Ora, há aqui qualquer coisa que não bate certo: que se saiba, Menezes não esteve à frente do partido mais do que seis meses. Antes dele mandou Marques Mendes (que Pacheco apoiava freneticamente), e antes do «credível» Mendes, Durão Barroso, que acredito ter sido também um líder muito «credível», segundo os critérios de Pacheco Pereira. Entre os dois, quatro meses de Santana, um populista desacreditado, segundo Pacheco. Antes de Barroso esteve Marcelo (que certamente não terá sido um populista manipulador do aparelho), antes de Marcelo foi líder Fernando Nogueira (provavelmente o mais taciturno líder partidário de sempre), e antes de Nogueira estava Cavaco, o símbolo maior da «credibilidade». Ou seja e para encurtarmos razões, dez meses de «populismo» nos últimos vinte anos de PSD. A quem se refere, então, Pacheco Pereira, quando diz que esta gente vai perder o senhorio que mantém nos «últimos anos» no PSD? Francamente, não se consegue perceber.
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