O Paulo Ferreira, do Câmara de Comuns, lançou um pertinente desafio aos «liberais da blogosfera». Sucintamente, ele pergunta como se deve interpretar, à luz do que dizem os liberais sobre o mercado, a contínua subida dos preços do petróleo, quando as reservas parecem estar a aumentar, e até o Secretário-Geral da OPEP apelou ao controlo dos preços.
Do meu ponto de vista, o problema deve ser suscitado nos seguintes termos:
1º Os preços não representam apenas a escassez ou a abundância de um bem. É certo que eles compreendem os seus custos de produção e as existências presentes e futuras, mas sobretudo a apetência que o mercado manifesta por ele. Ou seja, é essencialmente a procura que determina a variação dos preços. No caso do petróleo, apesar do aumento dos recursos, a procura não decaiu, pelo contrário, tem globalmente aumentado;
2º A reacção do mercado deve-se, também, ao valor político do petróleo e a um certo alarmismo introduzido na opinião pública sobre o que poderá acontecer num curto prazo. Por um lado, diz-se que a invasão do Iraque foi determinada pelo petróleo e que boa parte da geopolítica das grandes potências é ditada por ele. Por outro lado, as campanhas ecologistas massivas dos últimos anos apontam unanimemente para o fim do petróleo num curto prazo (pelo menos, para o fim dos recursos necessários à nossa civilização), o que o valoriza substancialmente, independentemente desses receios se virem, ou não, a confirmar;
3º É também importante realçar que o sistema de preços de mercado é um - o melhor - sistema de informações que podemos ter. O valor de mercado de um bem dá-nos um conjunto precioso de informações sobre ele, não apenas informações económicas, mas também, em certos casos, sobre o seu valor político. Talvez o petróleo seja actualmente o mais flagrante exemplo de um bem com um valor político inflacionado;
4º Quando o Secretário-Geral da OPEP acha que o mercado está a ser vítima de especuladores e necessita de intervenção (o que não deixa de ter uma certa graça, dado o histórico dessa organização) e associa isso à queda do dólar e à recessão americana, é evidente que está a acentuar a dimensão política do problema sobre a sua dimensão económica;
5º Na eventualidade de ser possível estabelecer um mercado livre do comércio do petróleo, isto é, livre do jogo político e do intervencionismo dos Estados, o que é uma utopia, os liberais diriam que o preço deste bem acabaria por se estabelecer no seu valor real e que os consumidores o teriam de suportar. A maneira de escapar a uma futura pressão de escassez será, como sucedeu no passado em relação a outras fontes de energia fundamentais, acelerar a investigação científica, e substituir, ou complementar, a sua utilização com a de outras fontes e outros recursos. A total liberdade de mercado seria, como sempre é, a melhor solução para se chegar a um preço justo;
6º Sendo o petróleo um recurso extraordinariamente dependente da política e da grande política mundial, o que nos indica este conjunto de factores – o descontrolo dos preços, a sua subida em flecha contrariando o aumento dos recurso, a recessão da economia americana, a queda continuada do dólar e o alarmismo da OPEP – é que o mundo está muito mais perigoso do que possamos pensar.
Do meu ponto de vista, o problema deve ser suscitado nos seguintes termos:
1º Os preços não representam apenas a escassez ou a abundância de um bem. É certo que eles compreendem os seus custos de produção e as existências presentes e futuras, mas sobretudo a apetência que o mercado manifesta por ele. Ou seja, é essencialmente a procura que determina a variação dos preços. No caso do petróleo, apesar do aumento dos recursos, a procura não decaiu, pelo contrário, tem globalmente aumentado;
2º A reacção do mercado deve-se, também, ao valor político do petróleo e a um certo alarmismo introduzido na opinião pública sobre o que poderá acontecer num curto prazo. Por um lado, diz-se que a invasão do Iraque foi determinada pelo petróleo e que boa parte da geopolítica das grandes potências é ditada por ele. Por outro lado, as campanhas ecologistas massivas dos últimos anos apontam unanimemente para o fim do petróleo num curto prazo (pelo menos, para o fim dos recursos necessários à nossa civilização), o que o valoriza substancialmente, independentemente desses receios se virem, ou não, a confirmar;
3º É também importante realçar que o sistema de preços de mercado é um - o melhor - sistema de informações que podemos ter. O valor de mercado de um bem dá-nos um conjunto precioso de informações sobre ele, não apenas informações económicas, mas também, em certos casos, sobre o seu valor político. Talvez o petróleo seja actualmente o mais flagrante exemplo de um bem com um valor político inflacionado;
4º Quando o Secretário-Geral da OPEP acha que o mercado está a ser vítima de especuladores e necessita de intervenção (o que não deixa de ter uma certa graça, dado o histórico dessa organização) e associa isso à queda do dólar e à recessão americana, é evidente que está a acentuar a dimensão política do problema sobre a sua dimensão económica;
5º Na eventualidade de ser possível estabelecer um mercado livre do comércio do petróleo, isto é, livre do jogo político e do intervencionismo dos Estados, o que é uma utopia, os liberais diriam que o preço deste bem acabaria por se estabelecer no seu valor real e que os consumidores o teriam de suportar. A maneira de escapar a uma futura pressão de escassez será, como sucedeu no passado em relação a outras fontes de energia fundamentais, acelerar a investigação científica, e substituir, ou complementar, a sua utilização com a de outras fontes e outros recursos. A total liberdade de mercado seria, como sempre é, a melhor solução para se chegar a um preço justo;
6º Sendo o petróleo um recurso extraordinariamente dependente da política e da grande política mundial, o que nos indica este conjunto de factores – o descontrolo dos preços, a sua subida em flecha contrariando o aumento dos recurso, a recessão da economia americana, a queda continuada do dólar e o alarmismo da OPEP – é que o mundo está muito mais perigoso do que possamos pensar.
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