05 abril 2008

selecção familiar

No meu último post procurei definir o que é a natureza humana (NH). Em termos sociobiológicos, a natureza humana é estudada segundo princípios de psicologia evolutiva que são classificados nalgumas categorias básicas: A selecção familiar (kin selection), o investimento parental, a estratégia reprodutiva, o estatuto social, o território e a sua defesa, e a contratualidade.
É necessário conhecermos as nossas tendências naturais, em todos estes domínios, para avaliarmos a possibilidade de sucesso de qualquer programa político.

A selecção familiar refere-se a todos os comportamentos que tendem a favorecer a reprodução dos nossos familiares, mesmo que à custa da nossa própria sobrevivência ou reprodução. Edward Wilson dá como exemplo o caso de duas irmãs, uma que não tem filhos e que se dedica a ajudar a outra, e a segunda que tem mais do dobro dos filhos que teria sem a ajuda da irmã. Como as duas irmãs partilham 50% dos genes, a irmã altruísta consegue, por esta via (selecção familiar), assegurar a sua “imortalidade”, com mais sucesso aritmético do que se tivesse tido os seus próprios filhos.

Se estes comportamentos tiverem uma base genética e fizerem parte da NH, a sua frequência pode determinar a proliferação e disseminação dos genes de indivíduos particularmente altruístas, na população geral. É possível extrapolar consequências imediatas da selecção familiar para situações muito diversas, como a etnicidade, o patriotismo, heranças, adopções, generosidade, etc.

Porque é que estamos dispostos a estourar recursos com futilidades para os nossos filhos e ignoramos sem pestanejar as tragédias humanas que decorrem, em simultâneo, noutros continentes e com outras etnias? Estou disposto a aceitar, por muito que nos choque, que este comportamento é da nossa NH.
Em próximos posts abordarei outras características da NH.

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