29 abril 2008

ideias

O Dr. António Neto da Silva é o «candidato desconhecido», segundo Vasco Pulido Valente, à liderança do PSD. Apesar de algumas ligações residuais que teve, no passado, ao partido e ao governo, ele é essencialmente um empresário de sucesso vindo para a política. Ora, para quem entende, como eu, que a política portuguesa padece de um défice de gente que não precise dela, é uma notícia simpática. Falta saber ao que vem o candidato/empresário Neto da Silva. Vejamos o que nos diz no seu site de campanha.

Uma primeira leitura do referido lugar, revela-se animadora. Neto da Silva anuncia que vem para tentar «credibilizar a política», o que se propõe fazer apresentando e debatendo «ideias para o futuro de Portugal, da Europa e do Mundo», em vez de se deixar levar por questões pessoais, infelizmente dominantes na política portuguesa. As boas notícias continuam.

Quando se avança para o passo seguinte – as ideias que o candidato tem para «o futuro de Portugal, a Europa e o Mundo», o que encontramos nós? Essencialmente, uma «estratégia de longo prazo» para o País e um programa de actuação do PSD. Animador, portanto.

A primeira desdobra-se nos seguintes objectivos e princípios: o combate aos «individualismos excessivos», aos «fundamentalismos religiosos e derivados» (?), aos abusos de poder público, aos «partidos únicos» resultantes do «desaparecimento das ideologias», à «globalização como ideologia única», ao «esgotamento dos recursos naturais» e, num arrojo de inovação, ao «adormecimento das consciências».

Sobre o seu PSD, as «ideias» são também francamente generosas. Neto da Silva quer um partido que não «sufoque a Sociedade», que não ponha em prática «reformas avulsas», que garanta a «segurança dos cidadãos», recupere a «Autoridade do Estado», e que afirme «Portugal no Mundo através da União Europeia», defenda a Europa da China, «contendo-a» com base na «reciprocidade». E, convém não esquecer, Neto da Silva quer que o seu PSD implemente uma «Educação para o futuro». Fundamental.

Como se vê, são tudo ideias novas e muito úteis. Tão bem pensadas e ponderadas que, diria mesmo, não seriam enjeitadas por nenhum partido político do Universo. Elas podem influenciar, de facto, não só o «futuro de Portugal», como da «Europa e do Mundo». Do Minho ao Algarve, do Atlântico aos Urais, da Califórnia a Camberra, da Terra do Fogo à Sibéria. As ideias boas e originais não se discutem. Ou melhor discutem-se e debatem-se no PSD, para admiração e espanto de «Portugal, da Europa e do Mundo».

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