A candidatura de Alberto João Jardim (AJJ) à liderança do PSD é surpreendente, mas não é tão tola quanto inicialmente poderá parecer. Goste-se ou não do seu feitio, a verdade é que AJJ tem obra feita na Madeira. Entre as sete regiões de Portugal, definidas de acordo com os critérios da União Europeu, o arquipélago da Madeira é a segunda região mais rica de Portugal, logo a seguir à Grande Lisboa. O PIB per capita na Madeira é 95% da média europeia. Bem superior aos 75% da média europeia que o país como um todo apresenta. Portanto, AJJ tem toda a legitimidade para se lançar para voos mais altos dentro do seu partido.
Assim, à primeira vista, a candidatura de AJJ tem três pontos fortes. Primeiro, vai apelar aos cidadãos das regiões mais empobrecidas que, bem manipulados, podem ser levados a pensar que AJJ, na liderança da oposição e mais tarde no Governo, será mais eficaz que qualquer movimento de regionalização. Afinal de contas, se o discurso e a acção de AJJ sempre foi contra Lisboa e a favor da sua Madeira, por que não alargar o horizonte geográfico e passar a bater-se também pelas restantes regiões do país. Segundo, AJJ é provavelmente um dos poucos políticos em Portugal com coragem para afrontar tudo e todos. Com franqueza, não estou a máquina do PS a desfazer a eventual oposição de AJJ com a facilidade com que o fez com Marques Mendes ou Luís Filipe Menezes. Terceiro, ao contrário de Ferreira Leite ou Pedro Passos Coelho, AJJ sem dúvida alguma gosta de uma boa guerra e fará como Sócrates: não olhará a meios para chegar aos fins.
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