10 abril 2008

Gilberto Freyre


I am in Brazil. What a great country and people this is. And what a great work of the Portuguese it was. Brazilian culture is very much like Portuguese culture, with some exaggerations. The worst aspect of Brazilians? Their tendency to look down on their own people and their own things and to overvalue whatever comes from ouside. Well, they had good teachers at it. In one sentence, Brazil is a big, exaggerated Portugal.

I try to find a more personal, multiracial, free, tolerant, sweet and open society in the World. I cannot find any. Yes, there is still a lot of poverty in this country of 200 million people. Once this is overcome, Brazil is set to become a big power and an example to the whole World.

I brought with me that marvellous book by Gilberto Freyre Casa Grande e Senzala (1933). I do not know of any other book which has done more justice to Portuguese culture than this one. Let me quote a few paragraphs about the relationship between the Portuguese and the Jews:

"As relações dos portugueses com os judeus, exactamente como as relações com os mouros, quando se avermelharam em conflito, a mística de que se revestiram não foi, como em grande parte da Europa, a de pureza de raça, mas a de pureza de fé. Publicistas que hoje pretendem interpretar a histórica étnica e política de Portugal à europeia e filiar os conflitos com os judeus em ódios de raça, acabam contradizendo-se. É assim que Mário Sáa, depois de agitar esta tese e defendê-la com ardor e até brilho de panfletário, termina confessando: 'por toda a parte têm os judeus o conhecimento de serem judeus; em Portugal não o têm. Atravessaram as idades sob a designação de cristãos-novos, e (...) com o decreto pombalino que abolia a designação infamada, e com a perda da unidade religiosa, se foram de si próprios desmemoriando'. Em essência, o problema do judeu em Portugal foi sempre um problema económico, criado pela presença irritante de uma poderosa máquina de sucção operando sobre a maioria do povo, em proveito não só da minoria israelita, como dos grandes interesses plutocráticos. Interesses de reis, de grandes senhores e de ordens religiosas. Técnicos da usura, tais se tornaram os judeus em quase toda a parte por um processo de especialização quase biológica que lhes parece ter aguçado o perfil no de ave de rapina, a mímica e constantes gestos de aquisição e de posse, as mãos em garras incapazes de semear e de criar. Capazes só de amealhar".

"Circunstâncias históricas assim conformaram os judeus. Max Weber atribui o desenvolvimento dos judeus em povo comercial a determinações ritualistas proibindo-lhes, depois do exílio, de se fixarem em qualquer terra e, portanto na agricultura. E salienta-lhes o dualismo de ética comercial, permitindo-lhes duas atitudes: uma para com os correlegionários, outra para com os estranhos. Contra semelhante exclusivismo, era natural que se levantassem ódios económicos. Em virtude daquela ética ou moralidade dupla, prestaram-se os judeus em Portugal aos mais antipáticos papéis na exploração dos pequenos pelos grandes. Por aí se explica que tivessem gozado da protecção dos reis e dos grandes proprietários e, à sombra dessa protecção, prosperado em grandes plutocratas e capitalistas"
(op. cit., Lisboa: Livros do Brasil, 2003, pp. 224-5; bold mine).

I cannot imagine the quantity of insults these men - I mean Gilberto Freyre and Max Weber, not myself and Euroliberal -, were they alive today, would receive from such Portuguese blogs as Atlântico, Blasfémias, Arrastão, 5 Dias or A Origem das Espécies.

Sem comentários: