«só sábios éramos sete»

«Elites são os melhores em cada área de actividade», diz-nos a Dr.ª Paula Teixeira da Cruz, em entrevista hoje publicada no Sol. Deste modo, com meia dúzia de palavras, a ilustre jurista arruma um conceito atrás do qual penaram sucessivas gerações de pensadores, filósofos e historiadores. De Platão a Mosca, de Mosca a Pareto, de Pareto a Lasswell, a Mills, a Kaplan, a Dahl, a tantos outros, nunca se tinha atingido simultaneamente tanta simplicidade e profundidade conceptual: «os melhores em cada área de actividade». Sim, senhora!

Isto destina-se, naturalmente, ao PSD, «partido que não pode dispensar os melhores», que «têm dificuldade em se rever» na liderança actual de Menezes, um meteco que, como se depreende, não está entre os «melhores», não pertence às «elites» que falam pela voz esclarecida da Drª Teixeira da Cruz. Já agora, a Drª Teixeira da Cruz é a melhor em quê? E o Dr. Capucho? E o Sr. Passos Coelho? E o Dr. Relvas? E a dúzia de secretários-gerais do partido subscritores do documento sobre as quotas? Notabilizaram-se em quê? Em que actividades profissionais brilharam, que livros notáveis escreveram, que obras, actos e feitos vão deixar para a posteridade?

Como dizia um velho professor de Coimbra, regressado de um desses muitos congressos de turismo académico que se fazem por esse mundo fora, quando lhe perguntaram como tinha decorrido o importante evento, «Muito bem, muito bem. Só sábios éramos sete». No caso do PSD, não é preciso tanto. Bastam os dedos de uma mão para contabilizar os génios que por lá andam.