15 março 2008

crédito

O recurso ao crédito não é uma opção, é uma necessidade de boa gestão. Não só das empresas como também pessoal. Porquê? Não seria melhor pagarmos a pronto o que adquirimos?
O pagamento a pronto diminuiria os riscos financeiros e certamente atenuaria quaisquer crises financeiras do género das que estamos a viver, em especial crises do tipo subprime. Crises relacionadas com empréstimos de alto risco.

O problema é que sem crédito o desenvolvimento económico seria muito mais lento porque o crédito permite alavancar o capital disponível. A nível pessoal, por exemplo, com 10% do valor de uma habitação é possível, com o recurso ao crédito, comprá-la e usufruí-la de imediato. Sem crédito a procura de habitações colapsaria. O revés desta situação é que se o valor de mercado da referida casa sofrer uma variação negativa de 20%, o empréstimo deixa de estar garantido e entra no capítulo do subprime. Muito do subprime não o era quando o empréstimo foi contratado.
Nem será bom pensar na dimensão do subprime em Portugal. Com a queda dos preços das habitações, na periferia das cidades, deve haver uma percentagem tremenda de empréstimos que já não estão cobertos, em grande parte do seu valor.

Mas há outro factor que determina o recurso intensivo ao crédito e é sobre esse que vale a pena reflectir se não serão necessárias alterações. Refiro-me ao tratamento contabilístico e fiscal que é dado ao crédito. Como os juros são dedutíveis a 100% no balanço das empresas, o Estado como que comparticipa o recurso ao crédito de um modo que não faz quando se utilizam capitais próprios. Os gestores, portanto, utilizam todos estes mecanismo e bem para diminuir os encargos fiscais.
Se esta gestão não for adequada pode-se chegar a uma situação em que, por exemplo, a empresa não tem um tostão no banco mas apresenta lucros contabilísticos fabulosos, tendo que pedir emprestado para pagar impostos.

Em tempos de vacas gordas tudo se acomoda, quando porém surgem recessões a alavanca do crédito funciona em marcha atrás e amplifica a queda. Queda que forçosamente terá de ser tanto mais funda quanto maior foi a subida.

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