15 março 2008

body art

Os ricos fazem plásticas e os pobres fazem “body art”, tatuagens e piercings. Esta afirmação de Paul Johnson, que cito de cor do seu livro "Art - A New History", soa a verdadeira. Não se deve basear em nenhum estudo científico, presumo, mas na simples constatação empírica. Não estou a ver nenhum CEO, de uma cotada, com um osso atravessado no nariz ou uma tatuagem no cocuruto da cabeça.

A proposta do PS de proibir os piercings nos órgãos genitais e na língua (linguaralho?) dos portugueses e ainda a proibição total de quaisquer tatuagens e de piercings a menores de 18 anos é , portanto, uma medida que afecta fundamentalmente a população das classes C a pelo menos Z.

Ora sendo o PS um partido dos “sans-coulottes” não lhes fica bem discriminar assim os seus próprios apoiantes. Depois, é evidente que se continuarão a fazer tatuagens e piercings em todas as partes anatómicas possíveis, só que sendo proibidas passarão a ser feitas em vãos de escada, sem quaisquer condições. E quem irá vigiar o cumprimento da Lei? Teremos a ASAE a inspeccionar as partes pudendas dos portugueses? Rebaptizada agora de Autoridade do Sexo e das Actividades Económicas. E teremos excepções para as coristas que actuarem em zonas de jogo?

O PS deveria, neste caso, usar a mesma lógica que utilizou no caso dos abortos e permitir que a “body art” passasse a ser efectuada nos hospitais, a pedido dos próprios ou com o consentimento dos pais (para menores de 18 anos). Os técnicos destas artes receberiam formação adequada e poderiam até vir a ser enquadrados por uma ordem profissional. Seria uma espécie de SNTP, Serviço Nacional de Tatuagens e Piercings que poderia, por exemplo, vir a funcionar nas maternidades que entretanto fecharam. Falta muita imaginação a este PS.

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