24 fevereiro 2008

liberdade

O Padre (e prof. de filosofia) Anselmo Borges é um autor que eu leio sempre com interesse. Não tanto pelas suas teses mas mais pela profundidade das suas reflexões e vasta cultura filosófica. O tema da sua crónica de hoje, no DN, “SOMOS LIVRES? DETERMINISMO E LIBERDADE” interessa-me particularmente. Como poderemos conciliar o livre-arbítrio com a nossa realidade física? Seremos apenas fruto do determinismo materialista?
Na opinião de Anselmo Borges, que respeito, o que conta não é se somos determinados ou não, o que conta é a nossa experiência subjectiva de liberdade.

A liberdade não é desvinculável da experiência subjectiva, da "perspectiva interna". Essa experiência é transcendental, no sentido de que se afirma até na sua negação. De facto, se tudo se movesse no quadro do determinismo total, como surgiria o debate sobre a liberdade? ...
... O que confunde frequentemente o debate é a falta de esclarecimento quanto ao que é realmente a liberdade. Ela é a não submissão à necessidade coactiva, externa e interna, mas não pode, por outro lado, ser confundida com a arbitrariedade e a pura espontaneidade - não implica a espontaneidade a necessidade? ...
A liberdade radica na experiência originária do Homem como dom para si mesmo.


Não concordo com esta tese. Ao tomarmos consciência desta “ilusão de liberdade” perderíamos qualquer força moral e não seria possível qualquer noção de ética. É um conceito que leva ao relativismo moral.
Surpreendeu-me que Anselmo Borges, nesta crónica, não invocasse Deus como fundamento e origem última da liberdade. De facto, muitos pensadores radicam em Deus a origem da liberdade humana. Os pais fundadores dos EUA, por exemplo, afirmaram-no da forma mais erudita possível, no preâmbulo da Constituição norte-americana.
Apesar de não ser religioso, partilho deste conceito e levo-o até um pouco mais longe:
É possível demonstrar cientificamente e para lá de qualquer dúvida razoável que Deus é o único e verdadeiro fundamento da liberdade humana. Devotar-me-ei a esta demonstração nalguns posts futuros. Com a vossa santa pciência!

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