Hofstede é reconhecido como o maior estudioso da influência da cultura nos locais de trabalho. No seu modelo conseguiu identificar determinadas dimensões que caracterizam e diferenciam as culturas nacionais. Essas dimensões são o distanciamento do poder, a intolerância à incerteza, o individualismo, a masculinidade e a racionalidade.
O distanciamento do poder refere-se ao modo como as sociedades aceitam as desigualdades na distribuição do poder nas organizações. Índices elevados, como em Portugal, estão associados a uma tendência para a centralização e para a rigidez organizativa.
A intolerância à incerteza avalia a disponibilidade para aceitar a incerteza e a ambiguidade. A nossa falta de empreendedorismo e a apetência pelos empregos na função pública demonstram pouca tolerância à incerteza.
O individualismo caracteriza-se por laços sociais ténues. Cada um toma conta de si e da família mais próxima (culturas anglo-saxónicas). A cultura portuguesa é colectivista, as pessoas esperam solidariedade das empresas, das associações, dos partidos políticos e até do Estado.
A masculinidade avalia a preponderância de valores masculinos na sociedade. Objectivos de afirmação pessoal assim como a predisposição para a aquisição de dinheiro e de valores, com menor consideração pela qualidade de vida das pessoas, caiem nesta categoria. Em Portugal e no sul da Europa predominam os valores opostos.
A racionalidade é a dimensão que avalia a preponderância do pensamento místico e da razão na cultura. Nas culturas primitivas predomina o pensamento místico, influenciado pelo contexto e comunicado cara a cara. Nas culturas modernas predomina o racionalismo, a aplicação de leis gerais e a divulgação do conhecimento por órgãos próprios. Os portugueses são dados ao misticismo e acreditam que há outras formas de conhecimento para além da razão, por exemplo a fé ou a intuição.
É útil conhecermo-nos. Estas características, inatas ou adquiridas, existem e é com elas que temos de trabalhar.
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