Numa série de posts anteriores, procurei caracterizar o sentido do valor da liberdade na cultura de tradição católica. Trata-se essencialmente de liberdade individual, por contraposição ao sentido que este valor possui na cultura de tradição protestante. Trata-se aí sobretudo de liberdade política, a faculdade que todos possuem de participar na escolha da autoridade.
Em seguida, procurei caracterizar o sentido do valor da autoridade. Na cultura católica, a sua função é a de estar lá a fim de evitar que os excessos de liberdade [individual] a que esta cultura é propensa arruinem o edifício social - ou, na expressão que então utilizei, deitem a casa abaixo. Na cultura protestante, pelo contrário, a autoridade possui, em primeiro lugar, uma função prescritiva dos comportamentos individuais que são socialmente aceitáveis.
Argumentei também que a autoridade compatível com a liberdade católica era uma autoridade pessoalizada e forte, e também centralizada, escolhida entre uma elite natural. Disse que esta escolha não era incompatível com certas formas de democracia, mas era certamente incompatível com o sufrágio universal, que considerei a maior ameaça à liberdade católica - na realidade, o seu cancro.
As duas figuras de autoridade que melhor aproximam este ideal são o Papa e o Rei.
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