25 outubro 2007

não há rapazes maus

Uma senhora deputada, presumo que do Partido Socialista, explicou, no Fórum da TSF de hoje, a lógica e os objectivos da nova reforma do Ensino Secundário, com a entrada da qual os alunos deixarão de reprovar por faltas.

O esquema é complexo e baseia-se na velha ideia do bom selvagem, cuja versão portuguesa se consumou naquela magnífica frase do Padre Américo, para quem «não há rapazes maus». Portanto, quando um aluno falta reiteradamente à escola, a culpa não é dele, mas da sociedade, que o desgraça de vários modos, pelo que é ela e não ele quem tem que ser responsabilizada.

O sentido da reforma é exactamente esse: o de envolver os pais, a «rede de apoio social», psicólogos e psicoterapeutas na «recuperação» do aluno faltoso, culminando tudo, nos casos aparentemente perdidos, num teste de avaliação do aluno sem consequências. Reprová-lo e responsabilizá-lo pelos seus actos é que nem pensar.

É por estas e por outras que, décadas e décadas após frequentes reformas, o nosso ensino secundário público está como está. É caso para se dizer que o ensino é um bem suficientemente importante e valioso para ser deixado à irresponsabilidade dos políticos e dos governos. Era bom que, a este propósito, PSD e CDS esclarecessem as suas intenções num futuro programa de governo.

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