Nos últimos 15 anos em Portugal - o espaço apenas de meia geração - produziram-se alterações que são genuinamente intrigantes, senão mesmo preocupantes. E, aos meus olhos, uma das mais intrigantes tem a ver com as mulheres.
Refiro, em primeiro lugar, que Portugal é um dos países do mundo onde existem mais mulheres relativamente ao número de homens e essa situação praticamente não se alterou: 107 mulheres por cada 100 homens há 15 anos atrás, 106.5 agora.
Sabendo que, em Portugal, cerca de 75% dos divórcios são desencadeados pelas mulheres, a taxa de divórcio aumentou 155% na última década e meia, passando de 0.9 divórcios por cada mil habitantes em 1991 para 2.3 em 2006 e é hoje uma das mais elevadas do mundo (28ª). A taxa matrimonial, essa, caíu 42% no mesmo período, passando de 5.6 casamentos por cada mil habitantes para 4.0, e é hoje uma das mais baixas do mundo (20ª).
Neste período de 15 anos, a taxa bruta de natalidade caíu 21%, passando de 13.3 para 10.5 nascimentos por cada mil habitantes, e a taxa de fertilidade caíu 12%, passando de 1.7 nascimentos por cada cem mulheres em idade de procriar para 1.5, e é uma das 30 mais baixas do mundo.
Em consequência, o número de jovens (menos de 15 anos) em percentagem da população total portuguesa caíu 36% na última década e meia, passando de 21.3 por cada cem habitantes para 15.7. No outro extremo do espectro etário, o número de pessoas idosas (mais de 60 anos) em percentagem da população cresceu 71% nos últimos 15 anos, passando de 12.9 por cada cem habitantes para 22.1.
A esperança de vida da mulher portuguesa (81.2 anos hoje, 78 há quinze anos atrás) continua a ser significativamente maior do que a do homem (75 anos hoje, contra 71 há quinze anos atrás).
Mulheres que são mais numerosas que os homens; mulheres que se divorciam cada vez mais; mulheres que casam cada vez menos; mulheres que têm cada vez menos filhos; mulheres que vivem mais tempo que os homens. A mulher portuguesa está a tornar-se, cada vez mais, uma mulher só.
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