25 setembro 2007

o proverbial desenvolvimento português

A unificação alemã ocorreu no final do século XIX, em 1871. A da Espanha no fim do século XV, com os Reis Católicos, enquanto a da Itália sucede também no século XIX, exactamente dez anos antes da alemã. A Bélgica torna-se independente em 1830. Alguns dos países mais desenvolvidos, como os EUA e o Canadá, são criações históricas recentes. A Inglaterra fez-se numa conflitualidade permanente entre vários poderes, nomeadamente entre o poder local e senhorial e o poder régio, sendo certo que este último se viu praticamente esvaziado de funções e prerrogativas soberanas, quando a Inglaterra passou a ser um Estado Constitucional, no seguimento da Revolução Gloriosa. Naqueles outros países e em muitos mais, sobrevieram estruturas de poder local e regional, que diminuíram o centralismo, senão mesmo o condenam à pura inexistência: os landër alemães, os departamentos franceses, as autonomias espanholas, as regiões italianas, os parlamentos bicamarais com uma câmara alta de representação de interesses regionais em contraposição aos interesses centrais.

Em suma, os Estados europeus não são todos iguais e evoluíram historicamente de forma distinta. Do meu ponto de vista, nos poucos que assumiram o centralismo político e administrativo – como Portugal – os índices de desenvolvimento são baixos, mesmo até miseráveis. Portugal, no tempo do Doutor Salazar, tinha um subdesenvolvimento estrutural escandaloso, níveis de analfabetismo gritantes e vários milhões de imigrantes espalhados pelo mundo, sobretudo pelos países da Europa Ocidental onde se vivia decentemente. Hoje, como diz o Pedro Arroja, Lisboa é uma cidade com um nível de desenvolvimento razoável. Pois é! Mas, infelizmente, o resto do país é cada vez mais paisagem. Não é necessário falar no interior, completamente desertificado e sem população. Basta passear pela baixa do Porto e ver o estado dos edifícios e do comércio, para perceber que algo não vai bem. E o que vai mal é, como sempre, o excessivo estatismo e centralismo, que Lisboa, hoje como nunca, representa primorosamente.

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