Quando tenho de fazer uma conferência ou dar uma aula sobre a economia ou sociedade portuguesa, a primeira questão que ponho à audiência é um inquérito. Assim:
Existem cerca de 200 países no mundo. A ONU calcula um índice de desenvolvimento, chamado IDH, para cada um deles. Vamos dividir esses 200 países em quatro classes: os cinquenta mais desenvolvidos, os segundos cinquenta, os terceiros cinquenta e os quartos cinquenta (isto é, os menos desenvolvidos de todos). Em qual destas classes colocam Portugal?
Depois, vou inquirindo os participantes e tomando nota das respostas individuais. Tendo repetido este exercício ao longo de vários anos e em muitas ocasiões e perante audiências muito diferentes, eu já antecipo o que vai saír dali. A esmagadora maioria das respostas coloca Portugal na segunda ou na terceira classes, isto é entre a 51ª e a 150ª posição no mundo em termos de desenvolvimento, quando a resposta verdadeira é a primeira classe - cerca da 30ª posição (28ª no último ano).
Há muito que eu sei que os portugueses têm uma ideia má do seu país, e uma ideia que não corresponde à realidade. Por isso, quando vejo um grupo de portugueses a discutir a socioeconomia de Portugal e a fazer comparações internacionais, eu fujo porque, quase de certeza, eles não sabem do que é que estão a falar.
Sem comentários:
Enviar um comentário