24 agosto 2007

«não funciona!»

Terá sido a frase que Margareth Thatcher mais terá ouvido nos primeiros anos do seu governo, quando as suas políticas de choque para reduzir o peso do Estado na sociedade britânica começaram por produzir desemprego, instabilidade social e aumento dos preços, ao invés daquilo que os eleitores estavam à espera.

O Reino Unido era, ao tempo da sua primeira vitória eleitoral, em 1979, um país estatizado, cujo poder se encontrava nas mãos das Trade Unions e do funcionalismo público do Civil Service. As políticas de Thatcher assustavam o país, começando pelos seus colegas de governo e de partido. No Congresso de 1980 dos tories, Thatcher fez um célebre discurso onde se mostrou inflexível no caminho a seguir. Quando muitos apostavam já um volte-face nas políticas do seu governo, semelhante ao célebre «U-turn» de Edward Heath no começo da década de 70, Thatcher disse ao Congresso esta frase célebre: «To those waiting with bated breath for that favourite media catch-phrase—the U-turn—I have only one thing to say: you turn if you want to; the Lady's not for turning.»

Nos dez anos que se seguiram, Margareth Thatcher recuperou o país, liberalizou-o e soltou as forças do mercado livre. A sua herança do «capitalismo popular» é ainda hoje reclamada pelos tories, e foi inspiradora para a formação da personalidade política de Blair enquanto governante, que nunca enjeitou os paralelismos que com ela foram estabelecidos pela opinião pública, sobretudo pela de esquerda. A mulher que em tempos confessou ter decidido abraçar a política após ter lido o The Road to Serfdom, de Hayek, conseguiu fazer do seu país um país mais livre, muito mais livre, do que aquele que encontrou. Os ingleses sabem disso e ainda hoje lhe agradecem.

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