Take 1: Marcação atempada do regresso ao Porto com proveniência de São Paulo. O instinto patriótico e, reconheçamos, alguma facilidade que resulta de um generoso número de voos, impelem-nos, como sempre, para os braços amigáveis da TAP. É, então, aí, que tudo começa.
Take 2: Trajectória confirmada pela operadora da companhia: voo “directo” ao Porto, com escala em Lisboa, durante a qual permaneceríamos 50 minutos dentro do avião, sem sair. No aeroporto de São Paulo o plano de voo é mais uma vez confirmado.
Take 3: O consumismo obriga-nos ao inevitável: comprar um excelente perfume Issay Miyake, 125 ml, para resistir mais suavemente aos odores intensos do verão. Sem ter de sair do avião não existe qualquer hipótese de perder o perfume no raio x do aeroporto. Como é sabido, uma nova e audaciosa medida de segurança, penso, da União Europeia, proíbe que se passe nesses controlos com frascos de perfume (e de outros líquidos) com mais de 100 ml. Embora permita comprá-los imediatamente a seguir nos free shop e levá-los na cabine do avião. Passar no raio-x é que não!
Take 4: Ao contrário do prometido e anunciado (a TAP gosta sempre de surpreender), o «voo directo para o Porto», transformou-se subitamente num «voo directo para Lisboa com ligação ao Porto». Uma senhora hospedeira, perante o meu espanto, esclareceu-me com um sorriso displicente que um avião daqueles, seguramente o orgulho da companhia, jamais faria Lisboa-Porto. Jamais, jamais.
Take 5: Com os tarecos (e o perfume) às costas, lá fui para o raio x. Resultado: apreensão imediata do perfume. Perguntado pelo Livro de Reclamações, fui prontamente informado que teria de me deslocar ao balcão da ANA (quem raio é essa gaja?), para o que necessitaria de atravessar o aeroporto. Ou seja, neste caso reclamar significa perder o avião. Perguntado se não seria possível deixar o perfume numa qualquer repartição apropriada durante algum tempo até mandar buscá-lo, informaram-me que isso era impossível: os procedimentos de segurança exigem a destruição total desses suspeitos objectos. Suponho que imediata.
Take 6: Abandonado, às mãos de uma funcionária da «Prosegur», não sem antes grande chinfrim, um perfumezinho acabado de comprar e ainda por abrir, lá atravessei o raio-x. Dez metros depois, perante os meus olhos incrédulos e rancorosos, um novo free-shop a vender perfumes exactamente iguais ao «meu» que, entretanto e por estas horas, já terá sido certamente imolado numa aromática, purificadora e inquisitorial pira da dita ANA, a tal gaja que ninguém sabe quem é, mas que, está visto, tem gostos caros.
Take 7: A caminho do Porto no voo de ligação, cheguei à Invicta às 9.30. Quando sai do aeroporto, cerca das 12.00, a minha mala ainda não tinha aparecido. A minha e as de mais uma quantidade de gente, sobretudo de brasileiros. Até esta hora continua sem aparecer. Lavrado o documento de reclamação, as senhoras do atendimento foram dizendo displicentemente que todos os dias é o mesmo. Parece que ultimamente os «procedimentos» aconselham a que os passageiros sigam antes das malas e que fiquem à espera delas nos voos seguinte. Provavelmente por razões de segurança. A paciência é, como se sabe, a mãe de todas as virtudes. Sobretudo se for de corno.
Take 2: Trajectória confirmada pela operadora da companhia: voo “directo” ao Porto, com escala em Lisboa, durante a qual permaneceríamos 50 minutos dentro do avião, sem sair. No aeroporto de São Paulo o plano de voo é mais uma vez confirmado.
Take 3: O consumismo obriga-nos ao inevitável: comprar um excelente perfume Issay Miyake, 125 ml, para resistir mais suavemente aos odores intensos do verão. Sem ter de sair do avião não existe qualquer hipótese de perder o perfume no raio x do aeroporto. Como é sabido, uma nova e audaciosa medida de segurança, penso, da União Europeia, proíbe que se passe nesses controlos com frascos de perfume (e de outros líquidos) com mais de 100 ml. Embora permita comprá-los imediatamente a seguir nos free shop e levá-los na cabine do avião. Passar no raio-x é que não!
Take 4: Ao contrário do prometido e anunciado (a TAP gosta sempre de surpreender), o «voo directo para o Porto», transformou-se subitamente num «voo directo para Lisboa com ligação ao Porto». Uma senhora hospedeira, perante o meu espanto, esclareceu-me com um sorriso displicente que um avião daqueles, seguramente o orgulho da companhia, jamais faria Lisboa-Porto. Jamais, jamais.
Take 5: Com os tarecos (e o perfume) às costas, lá fui para o raio x. Resultado: apreensão imediata do perfume. Perguntado pelo Livro de Reclamações, fui prontamente informado que teria de me deslocar ao balcão da ANA (quem raio é essa gaja?), para o que necessitaria de atravessar o aeroporto. Ou seja, neste caso reclamar significa perder o avião. Perguntado se não seria possível deixar o perfume numa qualquer repartição apropriada durante algum tempo até mandar buscá-lo, informaram-me que isso era impossível: os procedimentos de segurança exigem a destruição total desses suspeitos objectos. Suponho que imediata.
Take 6: Abandonado, às mãos de uma funcionária da «Prosegur», não sem antes grande chinfrim, um perfumezinho acabado de comprar e ainda por abrir, lá atravessei o raio-x. Dez metros depois, perante os meus olhos incrédulos e rancorosos, um novo free-shop a vender perfumes exactamente iguais ao «meu» que, entretanto e por estas horas, já terá sido certamente imolado numa aromática, purificadora e inquisitorial pira da dita ANA, a tal gaja que ninguém sabe quem é, mas que, está visto, tem gostos caros.
Take 7: A caminho do Porto no voo de ligação, cheguei à Invicta às 9.30. Quando sai do aeroporto, cerca das 12.00, a minha mala ainda não tinha aparecido. A minha e as de mais uma quantidade de gente, sobretudo de brasileiros. Até esta hora continua sem aparecer. Lavrado o documento de reclamação, as senhoras do atendimento foram dizendo displicentemente que todos os dias é o mesmo. Parece que ultimamente os «procedimentos» aconselham a que os passageiros sigam antes das malas e que fiquem à espera delas nos voos seguinte. Provavelmente por razões de segurança. A paciência é, como se sabe, a mãe de todas as virtudes. Sobretudo se for de corno.
3 comentários:
Realmente, voar nestes últimos dias tem sido um filme de terror, daqueles que ganham "OSCAR", só que neste filme, tinha um príncipe a procura da tão misteriosa ANA!!!
Adorei a criatividade no relato, realmente és um homem de extrema inteligência.
Só para se poder ler este naco de prosa valeu a pena teres vivido esse episódio que tão bem relatas. No fundo tu sofreste na pele, mas eu deliciei-me com a leitura.
4 hero
deveria estar agradecido à TAP. Os perfumes do Issay Miyake são todos fortíssimos e impossíveis de usar durante o verão. é certo que existe uma summer edition do l'eau d' issay, mas não é a mesma coisa.
para a próxima experimente comprar um John Varvatos, esse sim, excelente, e pode ser que tenha mais sorte.
beijos da sua
ANA
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