"Olhem em todas as cidades do mundo. Verifiquem se em alguma delas existe um memorial à ignomínia nacional. Eu nunca vi nenhum. O Holocausto não é tema para um memorial e um memorial não deve ser construído (...)."
(Martin Walser, escritor alemão, 1998)
No Museu Judaico de Berlim pode-se questionar, em parte, o conteúdo que o transforma predominantemente num Museu do Holocausto, mas não é possível deixar de admirar a sua concepção arquitectónica. No Museu, o holocausto, apesar de tudo, está recolhido e é evocado com alguma privacidade.
Nada disto acontece no Memorial Judaico ao Holocausto, inaugurado há dois anos. Está plantado a céu aberto no centro de Berlim, junto às portas de Brandeburgo. São 2711 blocos de betão revestido evocando túmulos, numa área equivalente a dois campos de futebol. Dificilmente existe cidadão ou turista que tenha a curiosidade suficiente para observar de perto cada um dos quase três mil paralelepípedos fúnebres, praticamente todos iguais uns aos outros.
É certo que o Memorial também não está lá para isso. Está lá para evocar a acusação permanente, a culpabilização eterna, a factura sempre por pagar.
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