Em posts anteriores, eu tenho vindo a desenvolver uma tese que, no meu conhecimento, foi primeiro formulada por Alexandre Herculano, segundo a qual a democracia - sobretudo, se fôr republicana - conduz ao cesarismo. A minha contribuição foi a de focalizar a tese de Herculano, argumentando que ela tem maior probabilidade de ser válida num país católico.
Em seguida, apresentei alguns exemplos de césares - todos em países católicos - e, em relação a alguns, sublinhei a prosperidade que os seus respectivos países conheceram sob a sua autoridade. Não me proponho elaborar este último ponto porque ele está nas estatísticas.
Aquilo que pretendo realçar é que a tese mais genérica de Herculano permanece válida, e que não são somente as democracias católicas e republicanas que produzem césares. Longe do meu espírito também a ideia de que os césares são necessariamente homens que contribuem para a prosperidade dos seus respectivos países.
As democracias protestantes e republicanas também produzem césares e eu estou mesmo inclinado a pensar que eles são aí particularmente destruidores. Na realidade, o mais destruidor de todos os césares produzidos pelas democracias modernas ocorreu numa democracia predominantemente protestante. Foi na Alemanha.
4 comentários:
A análise é certeira mas a conclusão errada. Santo Agostinho dizia que até o Cristianismo ter entrado na História esta corria em círculos. Se até à Revolução Francesa a História Europeia teve um progresso linear e sem revoluções e grandes convulsões sociais a partir da revolução francesa passou a ter progresso em espiral,com acelerações violentas. Com o afastamento do Cristianismo da História voltámos a andar à roda. Não é preciso ser profeta para ver a trapalhada que aí vem (a noticia de ontem é que a Segurança Social vai representar duzentos e tal por cento do PIB dentro de 50 anos)
Como se sabe, os países católicos europeus só conseguiram alcançar graus de desenvolvimento idênticos aos dos países maioritariamente protestantes, quando a influência da Igreja se atenuou. Vejam-se os exemplos da Irlanda, da Espanha, da Itália, da França e até mesmo de Portugal.Talvez não seja ocioso ler o Max Weber.
Quanto à questão alemã, conviria talvez lembrar que o partido nazi (N.S.D.A.P.)surgiu numa zona predominatemente católica que era e ainda é a Baviera, com o apoio do Partido católico de Von Papen. E também não devemos esquecer que o austríaco Adolfo Schickelgrüber era igualmente originário de uma zona católica. Ao que dizem, no "Mein Kampf" ele assume-se como católico. E também procurou manter boas relações com a Santa Sé, designadamente com o cardeal Paccelli, futuro Pio XII que nunca condenou abertamente os crimes racistas hitlerianos. Isto não significa, porém, que os protestantes alemães tenham assumido posições corajosas contra o nazismo.
Ver:
filosofia religiosa luterana e o anti-judaísmo:
Em primeiro lugar, queimem-se suas sinagogas e suas escolas.
Em segundo lugar, recomendo que suas casas sejam também arrasadas e destruídas.
Terceiro, recomendo que todos os seus livros de oração sejam tirados deles.
Quarto, recomendo que seus rabis sejam proibidos de ensinar, sob pena de morte ou de amputação.
Quinto, recomendo que o salvo-conduto para o livre-trânsito nas estradas seja completamente negado para os judeus
Sexto, recomendo que todo o dinheiro e peças de ouro e prata sejam tomados deles e colocados sob custódia.
Sétimo, recomendo que se coloque um malho, um machado, uma enxada, uma pá, um ancinho ou um fuso nas mãos dos jovens judeus e judias.”
Martinho Lutero, Sobre os Judeus e Suas Mentiras, 1543
.........................................
- a mudança do Gleichberechtigung" de José II.
- Adolf Stoecker
- 1928- Movimento do Cristianismo Germânico, associado às Igrejas Protestantes- à frente está o pastor Ludwig Muller que virá a ser chefe da Gestapo
1934- Ludwig Muller convocado para a nazificação da igreja protestante
http://en.wikipedia.org/wiki/Ludwig_M%C3%BCller
- Hermann Gruner e a esperança que as suásticas irradiavam na igreja de Madgburgo
Julius Leutheuser: "Cristo veio até nós através de Adolf Hitler".
Sínodo Marron- com uniformes Nazis:
http://www.um.es/campusdigital/Cultural/Bonhoeffer.htm
Não esquecer a famosa frase: "Hitler, o novo Lutero"
Enviar um comentário