07 julho 2007

a consequência inevitável

Parece existir, desde há alguns anos a esta parte, um certo-mal estar na sociedade portuguesa. Esse mal-estar, aparentemente, é mais intenso entre as pessoas com mais de 40 ou 50 anos de idade. É um mal-estar que é cultivado à boca pequena, às vezes quase em cumplicidade, na conversa ocasional, na intimidade da família, na reunião de amigos. Não tem nada de conspirativo, tem tudo de resignado. É uma espécie de desencanto que termina frequentemente com um encolher de ombros acompanhado de um pequeno esgar na face.

Este mal-estar possui, entre outras, as expressões seguintes. Primeiro, é um sentimento de perda de liberdade individual e de vulnerabilidade crescente da privacidade de cada um, e até da sua intimidade, acompanhado de um certo sentimento de temor e de impotência.

Segundo, é a consciência de que a justiça não existe e, quando funciona, parece ser como instrumento de uma agenda política ou até de perseguição pessoal.

Terceiro, é o sentimento de perda e a insegurança perante o aniquilamento de todas as autoridades naturais que existiam na sociedade - o professor, o juiz, o médico, o presidente da junta, o padre e o governante, até o pai e a mãe.

Quarto, é o sentimento de que o Estado gasta para além de toda a razoabilidade, exigindo esforços fiscais que são cada vez mais violentos e frequentemente arbitrários e, não obstante, não cessa de se endividar, apertando economicamente as pessoas.


Se este mal-estar possui alguma realidade e generalidade, e não é apenas fruto da minha imaginação, ele não deve ser surpreendente. Ele é a consequência inevitável da democracia numa sociedade de cultura católica, como procurei demonstrar no meu post anterior.

1 comentário:

lusitânea disse...

Com mais de 40/50 anos porque essas têm termo de comparação.Mas olhe que o pessoal parece carneiro mas não se esqueça do 8 ou 80...
De repente o maralhal toma o freio nos dentes e não estou mesmo a ver quem é que os vai parar...
Por isso eu aconselharia qa quem anda a governar muito mais tino e feeling, o que não se vê...
Esqueceu um pormenor importantíssimo.Muitos começam a não se reconhecer na sua própria pátria desfigurada como está em menos de 20 anos...
Por enquanto é na cintura industrial de Lisboa e Setúbal , mas quando chegar ao coração do país e este se der conta...
Mas votam neles , nestes vende NAÇÕES ainda por cima a troco de NADA!