11 junho 2007

6 meses

Ao fim de anos de debate público e, presume-se, de estudos fundamentados sobre o aeroporto de Lisboa (o actual e o futuro), depois de anunciada, pelo governo em exercício, a decisão irreversível de o construir na Ota, esse mesmo governo resolveu fazer um interregno de seis meses no processo, para realizar «novos estudos» sobre a sua localização.
Isto só poderá ter um de dois significados: ou os estudos que fundamentaram a opção da Ota não foram exaustivos, logo, a decisão foi imatura e precipitada, ou o governo cedeu à pressão da opinião pública (e, sobretudo, da publicada) e não teve coragem para executar a sua decisão. Em qualquer dos quadros o cenário é negro: o primeiro revelaria leviandade política; o segundo anunciaria fragilidade governativa.
De todo o modo, na opinião do cidadão comum a coisa já não tem emenda possível: toda esta neblina serve somente para esconder «interesses ocultos» dos políticos e nada tem a ver com o interesse público. Bastaria ouvir o «Forum TSF» de hoje, para se perceber que isso é o que pensam as pessoas de todos os quadrantes políticos. O que não deixa de ser impressionante, visto tratar-se de um grande projecto nacional que, em vez de provocar toda esta celeuma, devia contribuir para a elevação da nossa auto-estima para o desenvolvimento do país. Assim, nunca lá chegará.

1 comentário:

Fernanda Valente disse...

Ainda consigo retirar desta atitude do governo perante o problema, uma terceira ilação. Talvez aconselhado pelo Sr. Presidente da República, o governo tenha decidido ouvir a opinião avalizada da parte da "sociedade civil", e mandado realizar os estudos que permitem aferir da viabilidade da construção do novo aeroporto num outro local. O governo foi aconselhado pelos melhores técnicos nacionais e estrangeiros sobre esta matéria e, por outro lado, também existem restrições à obtenção dos fundos comunitários, dependendo da localização. Ainda assim, regrediu em consciência, certo que está da inevitabilidade da construção do aeroporto na Ota, que irá ser indirectamente fundamentada pelos próprios técnicos que estão agora encarregados de fazer os novos estudos. Foi uma atitude sábia da parte do governo. A partir de agora, o foco das atenções vai estar virado para as eleições autárquicas.