04 maio 2007

obviamente, demitia-o



Há muitos anos atrás, em pleno exercício de funções políticas do cargo de primeiro-ministro de Portugal, Francisco Sá Carneiro viu o seu nome manchado com a suspeita de se ter locupletado com dinheiros que não lhe pertenciam. Não me lembro, francamente, de que dinheiro se tratava nem a quem pertenceria, mas recordo-me de ver o assunto a ser explorado pelos partidos da oposição, nas primeiras páginas dos jornais, na televisão e nas paredes do país. Destas últimas não esqueço uma pichagem que dizia: «Sá Carneiro, devolve o que roubaste!» Não sei, também, se foi aberto algum inquérito e se o malogrado primeiro-ministro foi constituído ou não arguido. Provavelmente, não, até porque os tempos eram outros. Lembro-me, porém, que muito tempo passado sobre a sua morte, um jornal qualquer esclareceu que Sá Carneiro nada tivera a ver com essas acusações que publicamente lhe foram movidas. Era, portanto, inocente.
Durante esse período em que se viu publicamente acusado, Sá Carneiro era um político no activo, com responsabilidades no governo do país. Pelos critérios de elevada moralidade do actual presidente do PSD, não lhe sobraria outro destino que não fosse a demissão.

2 comentários:

JSC disse...

Esqueceste a famosa; "Sá Carneiro Caloteiro". Este mural era geralmente acompahado de perto com um outro mural; "Vota APU"!!!
Na antiga estrada Porto-Guimarães, quase todas as paredes de fábricas textéis tinham estes murais. Coincidências.
J.

Anónimo disse...

Se bem me recordo, o caso da "dívida" de Sá Carneiro foi assim: este, contraíra um empréstimo bancário. Não tendo liquidado o empréstimo em dinheiro, alguém de dentro do banco divulgou na comunicação social a operação - que ainda não era uma dívida.

Contudo, a operação ainda não estava vencida, e o Dr. Sá Carneiro negociou com o banco a liquidação da dívida com a entrega de bens - no caso, acções.

Como não liquidara o empréstimo em dinheiro, foi acusado de ter uma "dívida" ao banco. Contudo, e na verdade, o empréstimo foi saldado da forma que o banco acordara.

Ou seja: nunca houve dívida. Havia apenas um montante negativo ainda não saldado, mas também não vencido.

Tudo o resto foi o habitual ruído da esquerdalhada, multiplicado pelos cabos de serviço instalados nas redações.

Digo eu...

Saloio