Se José Sócrates e o seu governo acabarem por ceder à pressão mediática e, à semelhança dos seus antecessores - Santana, Guterres e o próprio Cavaco de final de mandato - perderem o poder mais cedo do que seria previsível, quem poderá protagonizar uma alternativa credível de governo? Marques Mendes parece-se cada vez mais como um émulo de Ferro Rodrigues do PSD, onde todos, a começar pelo Presidente da República, parecem estar à espera que caia para tratarem seriamente da sucessão de Sócrates. Paulo Portas está e estará em séria perda de credibilidade, depois de uma desastrada rentrée de que foi inteiramente responsável, que perdurará no espírito da opinião pública enquanto tiver um sopro de vida política. Para além disto, não sobra ninguém à direita, com excepção de Durão Barroso. Goste-se ou não da personagem, foi o único primeiro-ministro português dos últimos vinte anos que saiu do poder pelo próprio pé, aliás, para coisa bem melhor. Não se queimou publicamente, aparece na televisão com ar de homem sério acompanhado por gente importante. Além disso, ficou por provar se era ou não um bom primeiro-ministro. Embora, o convite que lhe foi feito pelos chefes de governo europeus para presidir à Comissão faça crer que sim. Se quando terminar o seu mandato não o convidarem para mais um, Durão Barroso, ainda jovem e político toda a vida, terá um país à sua espera.
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