19 abril 2007

nos eua a culpa não morre solteira

O massacre da Virginia Tech foi, como é óbvio, da responsabilidade directa da sociedade americana e da violência que nela se prega, Como é sabido desde há muito, no crime a culpa é sempre da sociedade e só acidentalmente do criminoso. Por esse motivo, é capaz de não ser despropositado começarmos a pensar porque é que têm ocorrido, nos últimos anos, em Portugal, tantos casos de pedofilia e de violações e abusos sexuais de menores e de crianças, algumas ainda de colo. Só nas últimas semanas foram noticiadas os casos de uma menina violada mais de trezentas vezes entre os sete e os treze anos de idade pelo padrasto, de uma criança de quatro anos abusada por um marmanjo de quarenta e dois, de um tipo que abusava de uma miuda de doze anos, etc. A isto convém juntar os mediáticos casos da Casa Pia, do Parque Eduardo VII, dos Açores, as suspeitas que surgem frequentemente sobre a pedofilia na Madeira, entre outros.
A sociedade americana é responsável por «Virginia Tech»? E pela pedofilia em Portugal?

2 comentários:

Anónimo disse...

Não, não a sociedade, mas a natureza, não no sentido estricto de culpa, mas da natural organização da vida. Os grandes comem os fracos e abusam deles, desde sempre, só impedidos pela sociedade fundada em princípios mais altos.

joni michel

Anónimo disse...

Se eu der um tiro numa pessoa e a matar, o principal responsável sou eu, não é a sociedade. A sociedade não comprou a pistola, não a carregou, não a transportou no bolso, não a apontou a ninguém e não carregou no gatilho.
Quem fez isso tudo fui eu. A decisão foi minha.
A parte da responsabilidade que cabe à sociedade, além de ser muito menor do que a minha, é, a existir, tão difusa que não pode ser medida.
Mas a sociedade está organizada num Estado, e este pode tornar mais fácil ou mais difícil o meu acesso à tal pistola. Se esse acesso for difícil e eu quiser mesmo matar a tal pessoa, terei provavelmente que recorrer à faca da cozinha - o que me dará menos garantias de êxito e dará mais probabilidades de sobrevivência à minha vítima potencial.
Quer dizer: numa sociedade em que o Estado facilite o acesso às armas de fogo o número de homicídios tentados poderá ser igual ou menor do que noutra em que o Estado dificulte esse acesso; mas o número de homicídios consumados tenderá a ser mais alto. E se no que respeita a cada um desses actos a responsabilidade final é do assassino que o praticou, já no que respeita ao seu número a responsabilidade é do Estado que os permitiu.