08 março 2007

a natureza das coisas

Os sistemas de governo parlamentares têm destas coisas: quando um, ou vários partidos coligados, conseguem maioria absoluta de deputados no parlamento, governam durante toda a legislatura e obrigam as oposições a longas travessias no deserto.
As sucessivas maiorias absolutas do professor Cavaco fizeram o PS mudar três vezes de líder, enquanto que as «quase maiorias» de Guterres deram dois líderes ao PSD. Agora, com Sócrates e o PS no poder por mais de quatro anos, as oposições têm de perceber que a sua sobrevivência passa por uma gestão inteligente e faseada da adrenalina. Não dá, pela natureza das coisas, para protagonismos excessivos, sob pena de cansar o eleitorado, que terá, primeiro, que se cansar do governo, para, depois, reparar no que a oposição lhe tem para dizer.
As lideranças de Marques Mendes e, até, a de Ribeiro e Castro sabem disso. Estar a pedir-lhes, durante quatro anos e meio, a marcação quotidiana, com reflexos mediáticos, do governo é uma utopia impraticável. O que elas, ou quaisquer outras que lhe sucedam, têm de fazer é estarem preparadas para conseguirem dizer, efectivamente, alguma coisa ao país, quando, lá para o fim do mandato de Sócrates, o país se virar para elas.

1 comentário:

Anónimo disse...

É precisamente isso que mete nojo e desvirtua o sistema democrático. Os políticos (oposição e governo) não estão lá para se servir, para esperar pela sua vez de pegar no tacho e fazer o que acham melhor (o que quer que isso seja). A democracia representativa baseia-se nisso mesmo, na representação do povo pelo qual foram eleitos. Se se está no parlamento, o debate, a crítica construtiva e sobretudo a energia dispendida devem ser constantes e sempre na melhor das capacidades. Afinal de contas, estão lá por 4 anos. Depois não precisam de se candidatar outra vez...