21 fevereiro 2007

o estado virtuoso

Vasco Pulido Valente informa-nos, na sua habitual crónica das sextas-feiras do Público, que Paulo Portas e António Lobo Xavier se apressaram a exigir, na própria noite do referendo, que a futura lei do aborto o remetesse em exclusivo para o Estado e para o SNS, impedindo a sua prática nas clínicas privadas. O fundamento da proposta residirá na natureza lucrativa da actividade destas últimas, o que as levaria, ao contrário do sector público que não visa o lucro, a acelerar a realização de abortos, em vez de aconselhar as mulheres a não interromper a gravidez.
O raciocínio é absurdo e facilmente desmontável, pelo menos para quem não tiver uma mentalidade socialista. Não vou, contudo, por aí, porque a atitude não surpreende. O que mais importa é, por ora, registar que a nossa direita, a que se prepara para voltar à ribalta política, continua a desconfiar da iniciativa privada e a considerar o lucro como a origem de todos os males sociais, preferindo-lhe o Estado como garante da virtude social. É caso para dizer que, infelizmente, à direita, nada de novo.

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