A campanha do referendo do aborto entrou decididamente na rampa final, onde, ao que parece, prevalecerá a chicana ideológica e político-partidária. Lamentavelmente, como está à vista de qualquer um, os «argumentos», de um lado e do outro, versam invariavelmente sobre o «outro lado», o «inimigo», roçando frequentemente o insulto pessoal e a irracionalidade, em vez de aproveitarem a circunstância (e, já agora, os subsídios públicos) para se explicarem e para explicarem o que será votado no próximo dia 11.
No meio deste entrincheiramento de posições entre o «sim» e o «não», deste maniqueísmo básico, encontra-se uma multidão de indecisos, que ambas as partes parecem temer, e que um lado e outro se tem esforçado para convencer, à paulada, da bondade das suas razões. Qualquer dúvida, qualquer reserva, qualquer juízo crítico é visto como um ataque do lado contrário. O que interessa é ser-se assumidamente pelo «sim» ou pelo «não», com clareza, embora quase sempre com muito pouca racionalidade.
Eu não vejo nisto qualquer vantagem para um debate esclarecido ou para a solução do sério problema que o aborto é em Portugal e nas sociedades modernas. Menos ainda para as principais vítimas do sistema vigente, a saber, as mulheres, que uns e outros dizem querer ajudar. Infelizmente, parece que a lição de 1998 não foi devidamente assimilada, e que os intervenientes não se aperceberam que este é um problema sério a exigir seriedade, e não animadas disputas entre os «partidos» de um e outro lado. Bem pode pregar o Dr. Vitorino sobre as causas da derrota do «sim» em 1998, que ninguém lhe dá ouvidos: se repararmos, entre esta campanha e a anterior as diferenças são praticamente inexistentes. E os resultados, ou muito me engano, acabarão por ser iguais.
P.S.: Aqui segue o link do blogue «Eu Voto Sim», indicado pelo Luís Lavoura, onde parece estar a decorrer um debate interessante promovido pelos adeplos do «sim».
No meio deste entrincheiramento de posições entre o «sim» e o «não», deste maniqueísmo básico, encontra-se uma multidão de indecisos, que ambas as partes parecem temer, e que um lado e outro se tem esforçado para convencer, à paulada, da bondade das suas razões. Qualquer dúvida, qualquer reserva, qualquer juízo crítico é visto como um ataque do lado contrário. O que interessa é ser-se assumidamente pelo «sim» ou pelo «não», com clareza, embora quase sempre com muito pouca racionalidade.
Eu não vejo nisto qualquer vantagem para um debate esclarecido ou para a solução do sério problema que o aborto é em Portugal e nas sociedades modernas. Menos ainda para as principais vítimas do sistema vigente, a saber, as mulheres, que uns e outros dizem querer ajudar. Infelizmente, parece que a lição de 1998 não foi devidamente assimilada, e que os intervenientes não se aperceberam que este é um problema sério a exigir seriedade, e não animadas disputas entre os «partidos» de um e outro lado. Bem pode pregar o Dr. Vitorino sobre as causas da derrota do «sim» em 1998, que ninguém lhe dá ouvidos: se repararmos, entre esta campanha e a anterior as diferenças são praticamente inexistentes. E os resultados, ou muito me engano, acabarão por ser iguais.
P.S.: Aqui segue o link do blogue «Eu Voto Sim», indicado pelo Luís Lavoura, onde parece estar a decorrer um debate interessante promovido pelos adeplos do «sim».
Sem comentários:
Enviar um comentário