O RAF sentiu-se ofendido com este «post» que escrevi, em parte, em resposta a um comentário que ele fizera pedindo-me para esclarecer a minha posição sobre a descriminalização do aborto, em parte, também, porque me pareceu que devia levar o debate para além dos habituais jogos florais da retórica argumentativa.
Não me espanta a intempestividade da reacção. Se frequentemente reagimos mal quando discutimos religião e futebol, como o poderíamos evitar quando está em causa a apreciação de comportamentos alheios em «matérias de ordem moral ou de costumes»? É que, de facto, os discursos moralistas feitos publicamente e visando comportamentos alheios, têm sempre uma elevada probabilidade de ofender muita gente, mesmo que não seja essa a intenção. Por isso sugeri e insisto na sugestão, que os devemos fazer começando sempre por nós, pela nossa própria humanidade, pela justa medida das nossas capacidades, antes de nos atrevermos a ajuizar os outros.
No caso concreto do aborto, em que tanta gente se sente habilitada a ter opinião e a exprimi-la invariavelmente de modo enfático, estou um bocado farto de ver e ouvir pessoas de dedinho em riste a acusar, a exigir, a julgar e a condenar. A condenar, note-se, não apenas às agruras do inferno que há-de vir na outra vida, mas a julgamentos públicos e a penas de prisão. Num mundo onde abortar e fazer alguém abortar se tornou, infelizmente, mais comum do que ir ao cinema, há aqui um qualquer dado estatístico que me escapa, mas que me parece estar francamente falseado e que deve ser posto a nu. Porque creio que se trata de um assunto é tão sério, tão grave e que afecta negativamente tanta gente, que se deve ter um pouco mais de cuidado e pudor na forma como o abordamos. Porque do que se trata é de avaliar o comportamento moral dos outros, necessariamente a partir do nosso. Nem mais nem menos. Tudo o que fique aquém disto é uma intolerável hipocrisia.
A referência ao nome do RAF surgiu necessariamente como ponto de partida, por ele me ter jocosamente desafiado a definir com clareza e fundamentadamente a minha posição sobre este assunto. E a minha posição é, para começo de conversa, a que lá enunciei: não aceito com particular tolerância discursos moralistas sobre um tema que afecta milhares e milhares de pessoas, independentemente de quem os faz. Não me referia, obviamente, ao RAF, de quem nem me lembro de alguma vez ter lido sobre isto qualquer opinião, e cujo nome, ao contrário do que ele diz, não misturei «pelo meio» da minha «infeliz prosa», mas que referi somente no começo. O resto da dita prosa é-lhe tanto dirigido, como o é a mim, a todos os membros e leitores do Blasfémias, ou seja a quem for que pretenda esgrimir argumentos de autoridade nesta perigosa matéria. Sobre a qual, de resto, o texto do RAF nada acrescentou.
Não me espanta a intempestividade da reacção. Se frequentemente reagimos mal quando discutimos religião e futebol, como o poderíamos evitar quando está em causa a apreciação de comportamentos alheios em «matérias de ordem moral ou de costumes»? É que, de facto, os discursos moralistas feitos publicamente e visando comportamentos alheios, têm sempre uma elevada probabilidade de ofender muita gente, mesmo que não seja essa a intenção. Por isso sugeri e insisto na sugestão, que os devemos fazer começando sempre por nós, pela nossa própria humanidade, pela justa medida das nossas capacidades, antes de nos atrevermos a ajuizar os outros.
No caso concreto do aborto, em que tanta gente se sente habilitada a ter opinião e a exprimi-la invariavelmente de modo enfático, estou um bocado farto de ver e ouvir pessoas de dedinho em riste a acusar, a exigir, a julgar e a condenar. A condenar, note-se, não apenas às agruras do inferno que há-de vir na outra vida, mas a julgamentos públicos e a penas de prisão. Num mundo onde abortar e fazer alguém abortar se tornou, infelizmente, mais comum do que ir ao cinema, há aqui um qualquer dado estatístico que me escapa, mas que me parece estar francamente falseado e que deve ser posto a nu. Porque creio que se trata de um assunto é tão sério, tão grave e que afecta negativamente tanta gente, que se deve ter um pouco mais de cuidado e pudor na forma como o abordamos. Porque do que se trata é de avaliar o comportamento moral dos outros, necessariamente a partir do nosso. Nem mais nem menos. Tudo o que fique aquém disto é uma intolerável hipocrisia.
A referência ao nome do RAF surgiu necessariamente como ponto de partida, por ele me ter jocosamente desafiado a definir com clareza e fundamentadamente a minha posição sobre este assunto. E a minha posição é, para começo de conversa, a que lá enunciei: não aceito com particular tolerância discursos moralistas sobre um tema que afecta milhares e milhares de pessoas, independentemente de quem os faz. Não me referia, obviamente, ao RAF, de quem nem me lembro de alguma vez ter lido sobre isto qualquer opinião, e cujo nome, ao contrário do que ele diz, não misturei «pelo meio» da minha «infeliz prosa», mas que referi somente no começo. O resto da dita prosa é-lhe tanto dirigido, como o é a mim, a todos os membros e leitores do Blasfémias, ou seja a quem for que pretenda esgrimir argumentos de autoridade nesta perigosa matéria. Sobre a qual, de resto, o texto do RAF nada acrescentou.
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