Como o meu percurso de vida me levou a tornar-me um systems thinker
(e porque as novas gerações devem aprender a pensar em sistemas)
Durante muitos anos acreditei, como tantos outros, que o conhecimento se dividia em gavetas: a Medicina numa, a tecnologia noutra, a economia ali ao lado. Só mais tarde percebi que o mundo não funciona assim — e que as soluções verdadeiramente transformadoras surgem quando abrimos as gavetas todas ao mesmo tempo. Foi esse caminho, cheio de desvios e intersecções, que me levou a tornar-me um systems thinker.
A minha formação começou na Medicina, seguida de estágios em Medicina Geral e Psiquiatria. Ali aprendi que nenhum sintoma vive isolado — cada pessoa é um sistema complexo de emoções, crenças, corpo, ambiente e relações. Mais tarde, como programador de computadores, descobri a mesma lógica noutro campo: pequenos erros em pontos distantes de um sistema podem criar efeitos enormes mais adiante. O mundo começava a revelar o seu padrão — tudo está ligado por fluxos, ciclos e feedback.
A especialidade de Cirurgia em Nova Iorque e o Diplomate do American Board of Surgery aprofundaram ainda mais esta visão. A cirurgia é o pensamento sistémico em estado puro: cada decisão influencia o metabolismo, a hemodinâmica, o pós-operatório e a vida futura do paciente. Como investigador científico, percebi que a ciência avança justamente quando conectamos áreas diferentes, quando vemos relações onde antes víamos apenas factos dispersos.
A Programação Neurolinguística trouxe uma outra peça essencial: o modeling. Estudar como os especialistas pensam, estruturam informação e tomam decisões é, no fundo, compreender sistemas humanos complexos. O MBA na Edinburgh Business School acrescentou a visão económica e organizacional — mais um sistema interligado, onde pequenas mudanças estruturais transformam comportamentos colectivos.
Ao longo dos anos, como colaborador de órgãos de comunicação social, empreendedor, Coach Santé em Nice, escritor e autor de ensaios filosóficos, continuei a observar a mesma verdade: nada existe sozinho. Cada fenómeno emerge de relações invisíveis.
Foi essa acumulação de perspectivas — clínica, tecnológica, psicológica, filosófica e económica — que me permitiu vislumbrar um novo paradigma para a inteligência artificial: o Persona Modeling Framework (PMF), desenvolvido em co-criação com o ChatGPT. A ideia nasceu precisamente da capacidade que a IA tem de amplificar o pensamento sistémico — de ligar padrões, cruzar disciplinas e transformar dados dispersos em conhecimento integrado.
Este é o apelo que deixo às novas gerações:
Estudem diferentes áreas. Combinem saberes. Aprendam a ver o mundo como um sistema, não como secções isoladas.
O futuro — seja na saúde, na ciência, na economia ou na IA — pertence a quem consegue unir pontos que os outros ainda nem sequer sabem que estão no mesmo mapa.
Ser um systems thinker não é um título.
É uma forma de olhar o mundo.
E essa forma muda tudo.
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