12 fevereiro 2025

O Muro da Vergonha (41)

 (Continuação daqui)

Fonte: cf. aqui

41. Todos, todos, todos!


Foi ontem pulicado pela Transparency International o Índice de Percepções da Corrupção no sector público relativo a 2024. Aquilo que salta à vista é que, no âmbito da civilização ocidental ou cristã, os países menos corruptos são os países tocados  pela influência protestante do norte da Europa e da América do norte, em contraste com os países católicos do sul da Europa e seus descendentes pelo mundo fora, especialmente na América Latina. 

O que explica  a maior corrupção nos países de cultura católica face aos países protestantes?

"Todos, todos, todos!", foi assim que o Papa Francisco exprimiu recentemente em Lisboa o carácter todo-inclusivo ou universal da Igreja Católica. Ora, uma cultura que deseja reunir sob o mesmo tecto culturas tão diferentes como as do intelectual prussiano, do índio latino-americano, do emir da Arábia e do soba africano tem de possuir um sistema moral muito flexível. 

-Podem-se comer pessoas na sua religião?

pergunta o antropófago ao padre católico.

-Bom... em princípio, não... certamente que não nas sextas-feiras santas... mas na terça-feira de carnaval, já se pode porque parece brincadeira ... e, já agora, todas as terças-feiras de 15 em 15 dias... e em casa... não venhas para a rua fazer isso...

-Pode-se roubar?,

pergunta o ladrão ao padre.

-Sim, até está no Catecismo... desde que seja para comer... (cf. aqui),

permitindo ao ladrão argumentar que tem fome a todas as horas do dia.

A flexibilidade do sistema ético do catolicismo exclui qualquer critério e torna impossível qualquer julgamento, sendo o principal responsável pela fragilidade dos sistemas de justiça nos países de tradição católica (como é notoriamente o caso de Portugal).

Quando tudo é aceite, deixa de ser possível julgar, existe sempre uma excepção para justificar um comportamento imoral ou ilegal, a própria Igreja fornece as excepções (cf. aqui). Ora, este excepcionalismo católico é o que todo o chico-esperto deseja para poder transgredir à vontade.

Está encontrada uma das principais razões para explicar a maior incidência de corrupção nos países católicos face aos países protestantes - a flexibilidade do seu sistema ético e a  correspondente fragilidade dos seus sistemas de justiça, que os torna o paraíso dos chico-espertos.

-E nos países protestantes, não existem chico-espertos?

-Claro que existem, mas estão todos na prisão.


(Continua acolá)

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