(Continuação daqui)
36. Ela acabará a mandar na casa
O Presidente Donald Trump foi educado religiosamente pela mãe, que era uma presbiteriana de origem escocesa (cf. aqui), uma corrente calvinista fortemente anti-católica, e que esteve na origem da fundação dos EUA.
Os EUA nasceram anti-católicos porque, na altura da sua independência (1776), o catolicismo estava proibido na Grã-Bretanha e, portanto, também na sua colónia americana. Em 1790 havia apenas 35 mil católicos nos EUA, um número que subiu para 200 mil em 1820 e para 1,6 milhões em 1850 (largamente sob a influência de imigrantes católicos irlandeses), altura em que o catolicismo se tornou a maior denominação religiosa nos EUA, uma situação que ainda hoje se mantém (embora, em agregado, as denominações protestantes ultrapassem a católica).
Actualmente existem 72 milhões de católicos nos EUA, representando 22% da população americana, um aumento largamente devido à imigração proveniente da América Latina, que passou de 7% para 19% da população americana nos últimos 45 anos. Para uma religião que estava proibida à data da sua fundação, e que teve um só representante entre os seus pais fundadores (Charles Carroll of Carrollton) o mínimo que se pode dizer é que o crescimento do catolicismo nos EUA foi extraordinário.
Reflectindo o peso da população católica, a influência católica na administração americana tem vindo a aumentar em proporção, ou talvez mesmo mais que proporcionalmente, quer no número de católicos a ocupar altos cargos no governo quer, mais importante ainda, na influência doutrinal sobre a política americana.
Joe Biden foi o segundo presidente católico dos EUA, depois de John Kennedy, embora o catolicismo de Biden seja mais devocional do que doutrinal. Não é o caso dos católicos que estão em posições de influência na administração Trump - os mais salientes são o vice-presidente J.D. Vance, convertido ao catolicismo em 2019, e o secretário de Estado Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos -, os quais aderiram ou foram influenciados pelo catolicismo por motivos doutrinais.
Os sinais de alarme já começaram a soar acerca da excessiva influência católica na nova administração americana (cf. aqui), e é caso para perguntar: Porquê?
A cultura católica é uma cultura feminina, tendo no centro a figura de Maria. É uma cultura delicada, nada agressiva, de falinhas mansas, que entra suavemente em qualquer casa, sem que se dê por ela, e não causa conflitos. Foi assim que, de proibida, a Igreja Católica passou rapidamente a ser a rainha das religiões nos EUA.
Pelo contrário, a cultura calvinista e WASP, que é a cultura fundacional dos EUA, é uma cultura masculina, centrada na figura de Cristo (princípio protestante Solo Christus). Trata-se de uma cultura agressiva, com pouco coração, frequentemente sem maneiras, bruta até, e que o Presidente Trump encarna na perfeição.
Agora, pergunta-se a quem tenha alguma experiência de vida: Imagine uma mulher (cultura católica) que entra suavemente na casa (EUA) de um homem (cultura calvinista) e que lhe é permitido ficar por lá durante bastante tempo.
-Sabe o que vai acontecer?
-Ela acabará a mandar na casa.
O Muro da Vergonha é largamente um acto de desespero do "homem calvinista" em relação à "mulher católica":
-Basta! Quem manda aqui sou eu!
Eu receio que seja tarde demais. A América um dia será católica.

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