(Continuação daqui)
Fonte: cf. aqui
9. A razão da sem-razão
A decadência da cultura católica face à cultura protestante, expressa no Muro da Vergonha, tem uma longa história.
Fez recentemente 420 anos que Cervantes identificou genialmente a sua causa com a publicação da sua obra-prima - uma causa que ainda hoje persiste nos dois países ibéricos bem como nos países que eles colonizaram por todo o mundo.
As elites ibéricas - na figura de D. Quixote - tinham-se tornado irrelevantes, irracionais, tinham perdido a Razão à custa de invocar razões para justificar tudo e nada, para suportar aquilo que faziam (e, em muitos casos, não deviam fazer) e aquilo que não faziam. (e, em muitos casos, deviam fazer)
A frase que melhor resume tudo isso é proferida pelo próprio D. Quixote, dirigida a Dulcineia:
“La razón de la sinrazón, que a mi razón se hace, de tal manera mi razón enflaquece, que con razón me quejo de la vuestra fermosura”
Até a sem-razão, a ausência de razão, tem uma razão. A cultura católica banalizou de tal maneira a Razão em mil e uma razões que perdeu a Razão, tornando-se uma cultura largamente irracional.
Esta cultura aristocrática que se tornou irracional e irrelevante acaba na figura do fidalgo falido (a saltar muros como na América Latina, ou de mão estendida, como na Península Ibérica), que é a própria figura de D. Quixote - o fidalgo falido.
O Muro da Vergonha separa a racionalidade popular que preside à cultura protestante dos EUA face à irracionalidade aristocrática que reina na cultura católica da América Latina, herdeira de Espanha e Portugal.
(Continua acolá)
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