(Continuação daqui)
18. Os ventos da América
A Reforma foi o movimento religioso iniciado por Lutero no século XVI por aqueles que exigiam uma reforma da Igreja Católica que a subtraísse à corrupção em que vivia. Do lado oposto, defendendo o status quo e a Igreja Católica, estiveram os dois países ibéricos - Portugal e Espanha -, os líderes da chamada Contra-Reforma.
É assim ainda hoje. Os países tocados pelo protestantismo têm uma cultura reformista. Pelo contrário, Portugal e Espanha, e os países que dele descenderam na América Latina, são especialistas em contra-reformas, isto é, em boicotar reformas. Por exemplo, em Portugal há décadas que se discute a reforma da Justiça, e o que aconteceu? Nada.
Os países protestantes mudam reformando as instituições e adaptando-as gradualmente às novas circunstâncias dos tempos e dos lugares. E os países católicos, que não têm uma tradição reformista, como é que mudam?
Esses mudam de forma abrupta, de sopetão, por revoluções, imposições externas ou simplesmente choques culturais que vêm de fora. Foi assim que a Igreja Católica acabou por efectuar alguma mudança para melhor a partir do século XVI, sob a influência do choque protestante e de vários conflitos religiosos dai decorrentes travados na Europa.
O choque cultural que está a ocorrer entre os EUA e os países católicos da América Latina, sob a influência do Presidente Trump, é um desses choques que, não apenas vai mudar a América Latina, como os seus próprios progenitores - Portugal e Espanha.
Por outras palavras, os ventos que sopram da América em breve chegarão a Portugal. Como costuma dizer o Almirante Gouveia e Melo "ou se é bandeira ou se é vento". E nós, em democracia, somos sempre bandeira.
(Continua acolá)
Sem comentários:
Enviar um comentário