MULTITASKING
O termo “Multitasking” surgiu pela primeira em 1966 para promover o supercomputador IBM System/360, que alegadamente teria capacidade para processar várias tarefas em simultâneo.
Nos anos 70, o termo foi cooptado pela psicologia para designar a capacidade do cérebro humano para tratar de várias tarefas também em simultâneo.
As mulheres, que com a entrada no mercado de trabalho se sentiram arrasadas pelas solicitações constantes, adoptaram o multitasking como a ferramenta indispensável para lidar com as responsabilidades familiares e profissionais. O sexo fraco — os homens — não teriam essa capacidade ou seriam um bastardos preguiçosos que exploravam o trabalho das mulheres, enquanto discutiam futebol com os amigos.
Quantas discussões e divórcios não terão resultado desta desarticulação:
— Chego a casa esgotada e ainda tenho de fazer o jantar, enquanto tu estás ao computador a escrever...
— Tenho de entregar este trabalho amanhã e tenho de estar focado no que estou a fazer.
— Pois, eu tenho de fazer o jantar, ajudar as crianças com os TPC e ainda responder aos emails do escritório. Não há criadas em casa!
— Não posso fazer tudo ao mesmo tempo.
— Coitadinho, tens um cérebro de galinha — explica a mulher.
A verdade é que nem o IBM tinha capacidade para multitasking nem o cérebro humano a consegue realizar.
Devido à enorme rapidez de processamento de dados, o que o computador faz é interromper uma tarefa por milissegundos para executar outra, antes de voltar à inicial. O termo mais adequado seria “Switchtasking”.
De igual modo, o cérebro humano só pode focar-se numa tarefa de cada vez, mas (tal como o IBM 360) troca de tarefas com rapidez, criando a ilusão do multitasking.
O problema do switchtasking é que diminui a produtividade, aumenta os erros e provoca ansiedade. A experiência de conduzir e responder a mensagens, ao mesmo tempo, ilustra o perigo do multitasking.
Quando desviamos a atenção de uma tarefa para outra, há uma pausa que resulta em perda de produtividade. Estamos a responder a um email, por exemplo, e temos de atender a quem bateu à porta, quando retomamos o email precisamos de tempo para retomar a tarefa.
Curiosamente, diversos estudos parecem demonstrar que a pausa do switchtasking é mais curta para as mulheres e talvez seja essa a razão porque elas têm mais fé no multitasking.
A vida moderna, com os computadores e smartphones, agravou a multitude de solicitações. Os emails, as mensagens e as notificações, são distrações constantes que retiram qualidade de vida ao nosso tempo.
A explosão de doenças mentais que vemos neste século XXI parece muito relacionada com todas estas “modernidades”. É fundamental conhecermos e aceitarmos as limitações humanas.
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