A religião caiu no charco e desapareceu. Emmanuel Todd chama a este estadio: “religião zero”, que é essencialmente o ponto a que chegamos na atualidade.
Na religião zero, as pessoas perderam a fé em Deus, deixaram de valorizar cerimónias como batizados, casamentos e funerais e renegaram os valores religiosos tradicionais.
Se na perspectiva Weberiana, o protestantismo foi fundamental na génese do capitalismo — ‹‹A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo›› — Todd argumenta que o colapso do protestantismo poderá estar relacionado com o declínio do Ocidente.
A noção de Pátria, intimamente relacionada com a religião — especialmente no caso do RU, com o anglicanismo — também está ameaçada. O exemplo do RU, de facto, é muito ilustrativo porque a população indígena está agora a ser governada por emigrantes e descendentes de emigrantes, como o PM e o Presidente da Câmara de Londres.
Por fim a Família nuclear exogâmica entrou num declínio notável. As uniões homossexuais simbolizam essa trajetória.
Releio os pontos referidos por Emmanuel Todd, no seu livro ‹‹A Derrota do Ocidente›› e sinto um calafrio, se ele tiver razão, os “boomers” — a geração de que faço parte — aceleraram, e muito, o declínio do Ocidente.
No meu tempo de jovem ‹‹Deus, Pátria e Família›› era um moto do fascismo. Um progressista era necessariamente ateu, internacionalista e contra a família nuclear. No nosso ímpeto adolescente podemos, contudo, ter ido longe demais. Para respeitar a Verdade (Deus) não precisamos de andar a bater com a mão no peito, para respeitar a Pátria não temos de nos alistar no exército e no que diz respeito à família estamos conversados porque a maioria dos boomers acabou em casamentos convencionais.
Quem não foi niilista na adolescência não pode ser boa pessoa, digo eu. Não podemos é pretender infantilizar toda a sociedade, embora seja isso que me parece que está a acontecer.
Ora uma sociedade infantilizada só pode entrar em declínio. Lembro-me a propósito do livro ‹‹The Lord of the Flies›› do William Golding.
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