IMORTALIDADE
Em termos biológicos a reprodução é a única via para alcançar a imortalidade. Seja por via assexuada, seja por via sexuada.
Na reprodução assexuada há uma espécie de clonagem genética em que os seres vivos se multiplicam por divisão (cissiparidade) e prosseguem a sua existência desse modo. Toda a descendência é idêntica.
Na reprodução sexuada os descendentes resultam de um cruzamento de genes e apenas transportam 50% do material genético de cada parente. Os filhos herdam características dos pais, mas são todos diferentes (exceção para os gémeos). Neste tipo de reprodução os parentes envelhecem e morrem, enquanto na reprodução assexuada a morte não existe.
A natureza desenvolveu o sexo e a morte no mesmo ato criador.
A reprodução assexuada é a forma mais antiga de reprodução (3,5 biliões de anos), enquanto a reprodução sexuada é muito mais recente (1,5 biliões de anos). Ou seja, passamos mais tempo na clonagem do que no cruzamento de material genético.
As vantagens da reprodução sexuada são evidentes. Nas colónias geneticamente idênticas quaisquer agressões podem eliminar todos os elementos. Enquanto a diversidade genética permite a sobrevivência dos mais adaptáveis ou resistentes.
Como vimos com a Covid, nem todas as pessoas que tiveram contacto com o SARS-CoV-2 adoeceram e das que adoeceram só um pequeno número faleceu. Sem esta diversidade ou salvavam-se todos ou morriam todos.
Nas espécies em vias de extinção, os animais sobreviventes são tão poucos que há uma grande endogamia e a uniformidade genética resultante expõe-nos ao extermínio coletivo, quando surgem desafios. Atualmente, esta endogamia, no Sapiens, afeta apenas grupos de pessoas geograficamente isoladas ou socialmente apartadas (as famílias reais europeias costumam ser dadas como exemplo).
Eu acredito que os seres humanos, pelo menos a nível inconsciente, têm uma intuição de que o sexo (a reprodução) é o passaporte para a imortalidade porque há um toque sobrenatural numa relação que não seja estéril.
Pelo contrário, ao sexo ocasional ou deboche falta este ingrediente, que faz toda a diferença. A dopamina, a oxitocina, a vasopressina e a endorfina, também estão lá, mas não está lá o “elixir” da imortalidade.
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